sábado, agosto 20, 2011


domingo, agosto 14, 2011

Sinais preocupantes na Europa

Existem sinais preocupantes na Europa. Manifestações de intolerância, fundadas no medo. Esses sinais vão desde o encerramento de fronteiras na Dinamarca e temporariamente, no Sul da Itália, até à intolerância por parte de fanáticos religiosos islâmicos que habitam em França e que querem impor a sua lei à sociedade que os acolheu e que os tolerou. Agricultores franceses atacam camiões espanhóis carregados de produtos agrícolas e os espanhóis não querem ver desempregados romenos no seu território (romenos em Espanha, só com contrato de trabalho, estudantes ou turistas). E os exemplos poderiam prosseguir.

A intolerância que cresce é causada pelo medo. E de que têm medo os europeus? (E o que é um europeu? Mas essa é outra questão.) Como é referido nesta interessante reportagem no New Tork Times, os europeus, no caso, holandeses, temem o Islão, como se fosse uma religião monolítica; o terrorismo; a globalização; o desemprego; a crescente influência dos burocratas da União Europeia de Bruxelas; a austeridade; os perigos para euro devido à dívida grega, portuguesa, irlandesa, espanhola e agora italiana; e a criminalidade juvenil especialmente entre os jovens imigrantes.

É medo a mais e do medo nunca nasceu coisa boa.

Os acontecimentos deste Verão, na Noruega, no Reino Unido, na Itália e noutros lugares desta Europa terão repercussões. É uma questão de tempo e já se sente qualquer coisa no ar.

segunda-feira, agosto 08, 2011

Telavive

Telavive, Israel, Sábado, 6 de Agosto

Quantas praças mais, teremos de encher?
Quantas avenidas teremos de percorrer?
Quantas gargantas ainda, terão de gritar?

Quando é que irão perceber que um trabalhador é mais do que um mero factor de produção? Que é mais do que um elemento numa organização? Que é um homem, acima de tudo um homem?

Que economia é esta?

domingo, agosto 07, 2011

A língua

Aqui não se escreve de acordo com o novo acordo ortográfico. Aliás, vai demorar algum tempo até que nos habituemos a essa trampa. Deviam ter feito um referendo antes, pois a língua é património dos seus falantes e por isso devem ser eles a ter a última palavra. De qualquer forma, a ser alterada, não devia sê-lo por decreto, mas sim pela via democrática directa (que isto da democracia representativa, também já deu o que tinha a dar). Mas, diga-se de passagem: uns "iluminados" decidiram alterá-la e a maioria acatou sem tugir nem mugir. Coisa de bovinos.

Leituras do mundo

Tentamos observar o mundo de um lugar distanciado. Procuramos perceber o futuro pelos actuais sinais. Lemos os sinais, mas é difícil compreender o seu significado. Não sabemos se o momento actual corresponde à aproximação de um crepúsculo – o crepúsculo americano e de todo o Ocidente - ou apenas de uma tempestade que, por certo, passará.

Se for um crepúsculo, sabemos que lhe sucederá a noite e depois, a alvorada e um novo dia. Mas se for este o caso, outro sol raiará.

terça-feira, agosto 02, 2011

A velha história da justificação para o roubo

«Para Locke, a propriedade individual é um direito natural que advém do facto de os indivíduos combinarem o seu trabalho com a terra: os frutos do seu trabalho pertencem-lhes, apenas a eles e a mais ninguém. Esta é a essência da versão lockeana da teoria do valor do trabalho. As trocas de mercado socializam esse direito quando cada indivíduo consegue obter um valor equivalente ao que criou, pela troca que realiza com outros indivíduos, que por sua vez também criaram valor. Com efeito, os indivíduos mantêm, expandem ou socializam o seu direito à propriedade privada, através da criação de valor e através do, supostamente, livre e justo mercado de troca. Esta é a forma através da qual a riqueza das nações é mais facilmente criada e o bem comum melhor servido. O pressuposto é, claro, o de que os mercados podem ser justos e livres, e, na clássica economia política, é assumido que o estado deverá intervir para garantir essa liberdade e justiça – pelo menos, isto é o que Adam Smith aconselhou os governantes a fazer. Mas existe um desagradável corolário da teoria de Locke: os indivíduos que não conseguem, ou falham na produção de valor, perdem o direito à propriedade (ou não a podem reclamar para si). O desapossamento das populações indígenas da América do Norte por “produtivos” colonizadores, por exemplo, foi justificada pelo facto de as populações indígenas não produzirem valor

David Harvey (2011), “The Future of the Commons”, Radical History Review, Issue 109 (Winter 2011) Pp. 104

***

Nos dias que correm, o roubo continua a ser justificado pela velha teoria da economia política clássica, onde o fundamentalismo de mercado, vigorante entre nós, lança as suas raízes.

Na verdade, os indígenas da América do Norte foram desapossados pelos colonos, apenas porque estes queriam e podiam (por outras palavras, os colonos eram cobiçosos e mais poderosos). É óbvio que os índios também produziam valor. O valor que lhes bastava, até que um dia chegaram os colonos.

Etiquetas