segunda-feira, setembro 12, 2011

Entretanto, entre os sonâmbulos das “nações afortunadas”

Quem poderia contestar que os alarmistas, como sempre, têm quase inteiramente razão? Os habitantes das nações afortunadas avançam o mais das vezes como sonâmbulos no pacifismo apolítico. Passam os dias numa insatisfação dourada. Entretanto, nas margens da zona de felicidade, os que nos importunam e até os seus verdugos virtuais mergulham nos manuais da química dos explosivos – requisitados às bibliotecas públicas dos seus países de acolhimento.

Peter Sloterdijk (2006), Cólera e Tempo, Relógio D’Água, 2010, pág. 60

domingo, setembro 11, 2011

Colectivos da cólera e das «civilizações» vexadas


"De acordo com tudo o que hoje sabemos das coisas que nos esperam, seremos forçados a supor que a primeira parte do século XXI será também ela marcada por imensos conflitos que serão desencadeados por colectivos da cólera e das «civilizações» vexadas."

Sloterdijk, Peter (2006), Cólera e Tempo, Relógio D' Água, 2010. Pág. 40

sábado, setembro 10, 2011

Ópera-bufa

Quando estão na oposição, tiram a rosa e põem o punho.

Quando estão na oposição proclamam a alta voz, batendo no peito: "As pessoas estão primeiro". Quando estão no Governo, esquecem-se rapidamente disso e são os mercados que tomam o lugar das pessoas.

Este é o nosso "socialismo" de opereta. Ópera-bufa.

quinta-feira, setembro 08, 2011

quarta-feira, setembro 07, 2011

Nem cruz, nem espada, nem ouro


Ali não há povos a converter ou a submeter pela espada, nem ouro sequer, para traficar. Nem cruz, nem espada, nem ouro.

Ali o Império tarda.

***


Passaram 39 anos desde a Apolo 17.

quarta-feira, agosto 31, 2011

Top 10 dos factos reais mais deprimentes e como ficar feliz com os mesmos

Aproxima-se o momento das melancolias profundas. Afinal, no nosso hemisfério, os dias estão cada vez mais pequenos e, em breve, o Sol estará mais tempo abaixo do horizonte do que acima. Muitos, talvez a maior parte, regressam ao trabalho após as merecidas férias e começarão a sua luta quotidiana pela sobrevivência num ambiente cada vez mais hostil e competitivo. Pois bem. Abaixo listam-se dez factos verdadeiramente deprimentes, que poderão ser superados com felicidade se forem encarados da forma que se indica aqui: The Richard Dawkins Foundation - Discussions. Eis os dez factos deprimentes:

  1. Vamos todos morrer e não há nada que possamos fazer quanto a isso.
  2. Basicamente somos todos vassalos do nosso DNA.
  3. Não estamos sós (no universo), contudo estamos sós.
  4. Muito provavelmente não seremos milionários.
  5. As doenças são cada vez mais inteligentes.
  6. Existem demasiados estúpidos no mundo.
  7. O fim do mundo está próximo.
  8. Um meteorito pode atingir-nos a qualquer momento.
  9. As minhas crianças serão meio robôs.
  10. [A acrescentar pelo leitor – Não esquecer a resolução].

Reprodução e imortalidade

Li em tempos, não sei bem onde, talvez de Richard Dawkins, que nesta vida os vencedores são os que procriam. Sempre acreditei que a procriação poderia estar ligada, de alguma forma, à imortalidade. Afinal, são muitos os exemplos das espécies que, antes de morrer, gastam toda a energia vital na procriação. Os salmões por exemplo, a última coisa que fazem é subir um curso de água e desovar, ou seja, só morrem descansados após verem assegurada a sua descendência. Existem poucos casos, segundo sei, de salmões que tornam a descer o curso de água até ao mar. A maioria morre após a desova.

Ora bem, hoje este mito pessoal, da imortalidade associada à reprodução, foi desmontado pela leitura do seguinte trecho da obra do próprio Dawkins, O Gene Egoísta:

"A Rainha Isabel II descende directamente de Guilherme-o-Conquistador. Contudo é bastante provável que ela não possua nem um dos genes do velho rei. Não devemos procurar a imortalidade na reprodução.

Mas, ao contribuir para o património cultural do mundo, tendo uma boa ideia, compondo uma melodia, inventando uma vela de ignição, escrevendo um poema, isso poderá sobreviver, intacto, até muito tempo depois de os seus genes se terem dissolvido no pool comum."

Richard Dawkins, O Gene Egoísta, Gradiva, 2003, pág. 272

Assim sendo, os que procriam não são necessariamente os vencedores. Na realidade, os vencedores, na história de Dawkins, são os genes, quando conseguem replicar-se ao longo de milhões de anos.

terça-feira, agosto 30, 2011

Contra as multidões

Os melhores escolhem um só bem em troca de todos os outros, a glória eterna em troca das coisas mortais. A multidão sacia-se como as manadas.”

Heraclito

in Simone Weil, A Fonte Grega, Cotovia. 2006. Pág. 145

***

Findo o Verão, as multidões regressam. Paulatinamente, mas regressam. É então hora de abandonar a cidade e rumar para sul. É tempo de voltar a passear nas praias vazias e mergulhar nas suas águas, ainda cálidas. Contemplar o mar, encarar a brisa... Aguardar na glória eterna, imortal.



segunda-feira, agosto 29, 2011

.


Ponte medieval da Mizarela © AMCD

«Os romanos confiavam na acção da gravidade, aquele aqueduto está de pé porquanto tem tendência para cair - o que em engenharia é uma coisa admirável, ter de pé algo com tendência para cair. É exactamente o que encontramos no gótico, ou mesmo no românico, há uma pedra na abóbada ou no arco que impede de cair. Quanto mais tende a cair, mais aquilo aperta a pedra e menos cai.»

Agostinho da Silva, Vida Conversável, Assírio & Alvim, 1994, pág. 16

Etiquetas