sábado, março 26, 2016

Uma longa nota de rodapé

A incandescência da criatividade intelectual e poética na Grécia continental, na Ásia Menor e na Sicília, nos séculos VI e V a.C. continua a ser única na história humana. Sob certos aspectos, a vida do espírito de então em diante não passa de uma longa nota de rodapé.

George Steiner, A Poesia do Pensamento, Relógio D'Água, 2012

sexta-feira, março 25, 2016

Notícias da sexta extinção: freixo, crónica de uma morte anunciada

Estudos anunciam a extinção do freixo (Fraxinus angustifolia). Vítima de um besouro e de fungos que conquistam novos espaços, o freixo tem agora a sua morte anunciada. As pragas de novas espécies invasoras, aos poucos, vão contribuindo para mudar a paisagem de um novo mundo que se adivinha mais quente e biologicamente mais pobre. Por fim sobrarão os eucaliptos e os pinheiros bravos.

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Segundo se noticia aqui no The Guardian:



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Dois interessantes sites para saber mais sobre esta árvore:



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Imagem do dia: Cabo Carvoeiro

© AMCD

sábado, março 19, 2016

O crime de Lula

Nestes tempos agitados lá para os lados do Brasil, é sempre bom relembrar aos brutos, manipulados e alienados, os que berram na rua contra Dilma, contra Lula e contra o PT - como se a corrupção naquele país tivesse nascido com esses presidentes e fosse morrer com eles (ter-se-ão já esquecido de Fernando Collor de Mello?) - que “o Brasil conseguiu reduzir a pobreza extrema - classificada como o número de pessoas que vivem com menos de US$ 1 ao dia - em 75% entre 2001 e 2012.”  (vede aqui) Foi esse o crime de Lula?

A notícia não é de hoje, mas de Setembro de 2014, de um relatório da FAO. Então o Brasil contava-se entre os gloriosos BRICS, contribuindo para a milagrosa “Ascensão do Sul”, título do Relatório de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas de 2013. Mas o povo tem memória curta.

Há um Brasil antes de Lula e um Brasil depois de Lula, (para onde muitos portugueses chegaram até a emigrar).

A oposição política ao PT no Brasil é poderosa e manipuladora. Afinal é frustrante estar tantos anos apartado das cadeiras do Poder. Salta à vista que essa oposição estende os seus tentáculos ao manipulado sistema judicial brasileiro.

Enfim, também a oposição tem os seus juízes de mão. Juízes que ambicionam aparecer aos olhos dos brutos de memória curta, como zorros justiceiros.

Do Corão

Disse Peter Sloterdijk:

O leitor desprevenido do Corão não pode deixar de ficar impressionado ao constatar que um livro sagrado, sem temer contradizer-se, é capaz de, praticamente em todas as páginas, ameaçar com o fogo eterno os inimigos do Profeta e da fé.

Peter Sloterdijk, Colera e Tempo, Relógio D’Água, pág. 259.

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Um livro incendiário portanto. Pelo menos suscitará a acção de paranóicos incendiários - aqueles que vêem “inimigos do Profeta e da fé” por todo o lado.

Ah, mas que digo eu? Outro escroque islamofóbico, já pensarão alguns. Era só o que me faltava.

Aqui ainda mora a liberdade! Com todo o respeito, acrescente-se, e cuidadosamente, para não ferir susceptibilidades. Bardamerda e salamaleques.

ABAIXO O ISLAMOFASCISMO!

Calígula no século XXI

Um Império sem um imperador, intacto e à mão de semear, só podia dar nisto. No aparecimento de um putativo candidato calígula. Um Trump! O que virá a seguir? Quem sabe, talvez a nomeação do seu próprio cavalo a cônsul. E se por aqui ficasse, mal nenhum viria ao mundo. O problema é que o homem é um elefante irrequieto à solta, e o mundo é uma loja de cristais. 

sábado, fevereiro 20, 2016

Viveu Umberto


Umberto Eco (5/01/1932 - 19/02/2016)
As seis referências a Umberto Eco assinaladas neste blogue e as que, por certo hão-de vir, são a homenagem que aqui lhe prestamos. Umberto é, e será aqui, sempre uma referência.

Partiu um anfitrião do mundo da cultura, um apontador de caminhos, um divulgador, um verdadeiro professor, mas também um desbravador de mundos, dos quais, com prazer, nos deu notícia. Um explorador no bom sentido da palavra e um criador.

Para ele, por ter partilhado connosco a sua obra e o seu conhecimento, a nossa mais profunda reverência de agradecimento. 

Esta vida, sem a sua obra seria, inquestionavelmente, mais pobre, mais desinteressante e mais desinteressada. E isto dito sem qualquer sombra de exagero.

Viveu Umberto. E ainda bem que viveu.

quarta-feira, fevereiro 03, 2016

Viver à sombra da morte

A maior descoberta feita pela espécie humana, descoberta que a tornou tão especial e sua paz de espírito, sua sensação de segurança, tão difícil de alcançar, foi a da fatalidade da morte, universal, inevitável e intratável, a aguardar todos os indivíduos. O ser humano é a única criatura viva que sabe que vai morrer e que não há como escapar da morte. Nem todos os homens devem necessariamente “viver para a morte”, como afirmou Heidegger, mas todos vivem à sombra da morte. O homem é a única criatura viva que sabe da sua transitoriedade; e como sabe que é apenas temporário, pode — tem que — imaginar a eternidade, uma existência perpétua que, ao contrário da sua, não tem começo nem fim. E uma vez imaginada a eternidade, fica evidente que os dois tipos de existência têm pontos de contato, mas não dobradiças nem rebites.

Zygmunt Bauman, Em busca da Política, Zahar Editores, 2000

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quinta-feira, janeiro 28, 2016

O Fortuna!

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