sábado, dezembro 24, 2016

Feliz Natal

Caravaggio, Madonna dei Palafrenieri, 1606

Feliz Natal,

P'ra esconjurar o Mal.

A triste grandeza

Trump e Putin falam de novas corridas ao armamento. Um atreve-se a dizer que o mundo precisa da hegemonia das duas nações porque entregue a si mesmo é a loucura que se vê. Uma piada com certeza. Nenhum fala da necessária corrida ao desarmamento do mundo.

EUA e Rússia querem ser os patronos do mundo. Os novos moralizadores. Adivinham-se novos tratados das Tordesilhas. Dividir para reinar. Parece que irão reavivar este velho lema nos próximos tempos. Mas não é de estranhar que os líderes das velhas superpotências sonhem com os tempos áureos após 1945, quando o mundo as olhava com temerosa veneração. Na verdade sentem que o tapete lhes está a ser puxado debaixo dos pés. Estão a fugir para a frente.

É preciso tornar os EUA grandes novamente, disse Trump. A Rússia já persegue esse desígnio há algum tempo, em relação a si própria - é o sonho de Putin. Infelizmente, Putin e Trump, parecem não ter outros argumentos para defender a sua grandeza para além dos que assentam na ponta das suas armas. É uma triste grandeza.

Imagens dos tempos da grandeza americana.
(Não se colocaram aqui imagens dos tempos da grandeza russa, mas são do mesmo jaez)

sexta-feira, dezembro 23, 2016

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Os ocupantes que têm logo à partida o objectivo de dominar e explorar criam inevitavelmente um inferno à superfície da Terra.


Norman Davies, A Europa em Guerra, 1939 - 1945, Edições 70, pág. 323

sexta-feira, dezembro 16, 2016

C.B.


O albatroz

Às vezes, por prazer, os homens da equipagem
Pegam um albatroz, imensa ave dos mares,
Que acompanha, indolente parceiro de viagem,
O navio a singrar por glaucos patamares.

Tão logo o estendem sobre as tábuas do convés,
O monarca do azul, canhestro e envergonhado,
Deixa pender, qual par de remos junto aos pés,
As asas em que fulge um branco imaculado.

Antes tão belo, como é feio na desgraça
 Esse viajante agora flácido e acanhado!
Um, com o cachimbo, lhe enche o bico de fumaça,
Outro, a coxear, imita o enfermo outrora alado!

O Poeta se compara ao príncipe da altura
Que enfrenta os vendavais e ri da seta no ar;
Exilado no chão, em meio à turba obscura,
As asas de gigante impedem-no de andar.

Charles Baudelaire, As Flores do Mal

sábado, dezembro 10, 2016

Dívida pública: a cobardia nacional.

A dívida e o crédito são formas de transferir para o futuro pagamentos a realizar pelas despesas do presente. Com uma dívida pública desta magnitude os portugueses do presente comprometem irremediavelmente os portugueses do futuro: os seus filhos e os seus netos, os não nascidos, os que não podem defender-se e os que não votam. Todos eles encontram-se já condenados ao pagamento dos desvarios do presente, e nem o sabem.

terça-feira, dezembro 06, 2016

O Futuro

Seria lindo que se tivesse realizado o sonho de vivermos num mundo sem fome, com diferenças materiais e sociais menos gritantes. Mas os profetas que no-lo prometeram, e se fizeram pastores do rebanho, foram mais prontos a pegar o cajado e a chamar a si os benefícios. De forma que a revolução anunciada não veio e jamais virá. Os abastados terão os meios para partir e colonizar novos e mais confortáveis planetas, abandonando neste a massa que lentamente irá apodrecendo, afogada na sua própria sujidade.

Rentes de Carvalho, A Ira de Deus sobre a Europa, Quetzal, pág. 137

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Uma espécie de Elysium.


domingo, dezembro 04, 2016

Respeito

Recuso odiar o meu semelhante, discriminá-lo, suspeitá-lo, ameaçá-lo. Importa-me pouco em que divindade acredita, e nada me interessam os seus hábitos e rituais. Mas dele espero reciprocidade no respeito que lhe tenho e na dignidade que lhe reconheço.

Rentes de Carvalho, A Ira de Deus sobre a Europa, Quetzal, 2016, pág. 241.

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Nada de confusões1.

O respeito vale mais, muito mais, do que a simples tolerância.

O assunto já aqui foi abordado.

Um excelente livro - A Ira de Deus sobre a Europa - e uma excelente análise, a de Rentes, sobre a mudança num país sito no coração da Europa, e sobre o futuro deste continente e quiçá do mundo.

Ainda voltaremos a falar dele.

E, diga-se de passagem, uma excelente capa.

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(1) - A Ira de Rentes, está longe de ser uma imprecação contra o "politicamente correcto" ou contra o multiculturalismo. 

Versões pindéricas

As imprecações contra o “politicamente correcto” e o multiculturalismo são versões pindéricas de uma cultura de extrema-direita.

António Guerreiro, "A História Gosta de se Citar", Público, 25 de Novembro de 2016

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