Diego Armando Maradona (1960-2020)
Foi uma alegria vê-lo jogar no Campeonato Mundial do México de 1986. E antes e depois.
Ficará para sempre na memória.
Diego Armando Maradona (1960-2020)
Foi uma alegria vê-lo jogar no Campeonato Mundial do México de 1986. E antes e depois.
Ficará para sempre na memória.
As histórias que sobrevivem mais tempo são as que nunca foram e sempre serão - os mitos.
Ann Druyan
Ann Druyan, Cosmos, Mundos Possíveis, Gradiva/National Geographic, 2020, Pág. 365
«O que é afinal a União Europeia senão esse trabalho de
desconstrução dos fundamentos identitários, um espaço liberto de todos os
traços culturais de um território, das soberanias, dos valores e costumes, das
tradições, dos gostos e valores, das questões religiosas e civilizacionais? O
alargamento europeu é um modo de expansionismo ideológico e político através de
uma visão economicista do homem e da destruição maciça de identidade para a
construção de um grande supermercado.»
João Maurício Brás, Os
Democratas que Destruíram a Democracia, Opera Omnia, 2019, pág. 95.
Aqui discordamos. Discordamos profundamente. O projecto europeu é o muro onde têm esbarrado todos os movimentos extremistas que se querem alçar ao poder nas suas nações. Quando colocam, abertamente ou veladamente, na sua agenda, a saída da União, perdem massa crítica, perdem votos. Isto porque se há um projecto do qual os povos não abdicam (exceptua-se aqui cerca de metade dos britânicos) é o da União Europeia. E com razão. Recordam o que foi a Europa durante séculos até 1945: uma guerra contínua intervalada por breves momentos de paz, momentos de preparação para a guerra seguinte. Nem a Belle Époque escapou, também ela culminando num período de rearmamento de cada um contra o seu vizinho. A Europa foi um eterno campo de batalha entre nações inimigas, agrupadas ou isoladas. Os solos da Europa estão pejados de reminiscências de sangue e de cadáveres de soldados e de civis, de bombas e de canhões. É bom não o esquecer. Ainda hoje, quando se fazem obras em certas cidades da Europa, encontram-se enterradas bombas de guerras pretéritas, que não rebentaram só por milagre, mas que ainda ameaçam rebentar e matar.
Se a União Europeia é “esse trabalho de desconstrução dos
fundamentos identitários” a que João Maurício Brás se refere, então como
explica ele a persistente presença das identidades nacionais, incólumes, ostentadas
pelos povos que a integram, colocando muitas vezes em causa o objectivo da
solidariedade entre os Estados-membros, como se viu recentemente? E as tensões entre
Estados-membros na União Europeia, que impõem longas negociações até se conseguirem cedências de
parte a parte? Ainda bem que as há. E ainda bem que são dirimidas por dentro.
“Um espaço liberto de todos os traços culturais”? Não. Pertencemos à mesma
civilização, mas as culturas, diversas, estão lá todas, enriquecendo-se umas às
outras, colhendo o que de melhor há em cada uma delas sem se descaracterizarem por
isso: estarão os lisboetas a dançar a sevilhana ou os andaluzes a cantar o
fado?
Vivemos como sempre temos vivido, lado a lado, mas agora unidos.
Também não somos ingénuos ao ponto de acreditar que não há na União Europeia quem procure trabalhar no sentido da desconstrução dos fundamentos identitários e queira impor uma ideologia pós-moderna, pós-identitária, com a conivência do neoliberalismo dominante. Aqui João Maurício Brás indigna-se com razão. Essa gente está aí. Mas também há outra gente, como ele, que pensa de modo diferente.
A União Europeia não é um projecto estático e unidireccional. Pode ser transformada por dentro sem ser destruída. Pode ser melhorada. Há uma Ideia de Europa (George Steiner) que é preciso não deixar morrer.
Estamos fartos de guerras.
Não esperes alterar com preces o destino fixado pelos deuses!
Virgílio, Eneida (citado por Séneca)
Os destinos estão determinados de uma vez por todas, e prosseguem a sua marcha em obediência à lei eterna do universo; tu irás para onde vai tudo o mais!
Séneca, Cartas a Lucílio, Livro IX, Carta 77
Toda a vida é sempre breve.
Séneca, Cartas a Lucílio, Livro IX, Carta 77
***
É bom não perder a referência da linha do horizonte.
O que há para lá dele, escapa-nos.
E também ele nos escapa, sempre que vamos ao seu encontro.
Tal como a perfeição, da qual podemos sempre aproximar-nos mas sem nunca a alcançar.
∞
Carpe diem
Horácio, Odes, I, 11, 8.

Nós não vamos à caça com cornetas e pandeiretas.
Quando questionada por Miguel Sousa Tavares, na TVI, sobre a pertinência da manutenção do segredo de justiça, quando o mesmo é violado a todo o tempo, segundo o jornalista.
“A natureza humana, o que quer que isso seja”, li um dia não sei onde, nem dito por quem. Perdi a referência. Talvez Agostinho da Silva… Não posso garantir. Dão-se alvíssaras a quem encontrar.
A natureza humana. Che cos'è?
Talvez os mitos nos digam mais sobre a nossa própria natureza
do que aturados filósofos, que continuam em busca do “conhece-te a ti mesmo”.
Permanecemos desconhecidos perante nós mesmos. E por muito que nos conheçamos,
nunca nos conhecemos. O que somos? Quem somos? Por que somos? A cada avanço no
sentido do conhecimento acerca de nós mesmos, um imenso desconhecido abre-se logo
à nossa frente. A cada clareira de conhecimento que desbravamos, apreendemos logo
uma imensa selva da qual não se adivinham os confins. Os seus limites, a
existirem, vão muito para além de todos os horizontes, em qualquer direcção, para
onde olhemos. Estamos perdidos à procura de nós mesmos e a busca é incessante. Por
isso não nos venham falar com tanta certeza da natureza humana. Sabemos apenas
que estamos juntos e que amamos. Talvez constitua o melhor da nossa natureza: a capacidade de amar em momentos difíceis e até adversos, pela simples compreensão das nossas próprias fraquezas.