Por que se preocupam tanto alguns com o anonimato de outros? Não saberão que o anonimato é mero instinto de sobrevivência? O homem é lobo do homem. Num país onde durante tantos séculos vingou a Santa Inquisição (o tribunal do Santo Ofício cessou as suas funções apenas no século XIX!), e a PIDE perseguiu e castigou durante décadas no século XX, há que prevenir. Tudo indica que na nossa sociedade se desenvolveu um gene delator e muitos indivíduos parecem possuí-lo. Portugal é um país de delatores! E quem pode garantir que amanhã não haverá outro Pogrom desencadeado, não pela Santa Inquisição, mas por outra Santa qualquer? Não seria a primeira vez que os inocentes de hoje seriam os perseguidos de amanhã. É preciso dificultar a vida a essa gente (os delatores). Hoje já nem sequer é preciso a Santa Inquisição ou a PIDE. Tudo se passa de forma mais subtil. Existem novas formas de delação e de opressão que se estendem ao comum dos mortais. Generaliza-se uma nova espécie de totalitarismo em que todos se controlam uns aos outros. Para se ser livre é preciso escapar a isso.
É porém uma grande cobardia denegrir alguém, escudado no véu do anonimato. Neste caso o anónimo torna-se tão abominável como o delator. E não há pior delator que o delator anónimo.
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