Bashar-al-Assad é um ditador,
filho de um ditador a quem sucedeu após a morte, o seu pai Hafez al-Hassad, e governa
Síria como se fosse um rei – uma espécie de rei Herodes da nossa Era -, mas a
Síria não é um reino. Onde reside a legitimidade de Bashar-al-Assad? Numa
reeleição (?) realizada em 2007, em que o seu partido concorreu sozinho?
Era bom que não nos esquecêssemos
de como tudo isto começou.
Postamos aqui, a 11 de Junho de 2011, quando o povo sírio se começava a manifestar nas ruas e cidades por liberdade
e democracia e começava a ser alvejado a mando do Bashar. Postámos aqui em Fevereiro de 2012, quando o povo sírio morria nas ruas e aqui quando já lutava nas ruas. Desde
então a mórbida contabilidade do número de mortos não tem parado de aumentar e já ultrapassa os 30 000. Podíamos não ter chegado aqui. Bashar podia tê-lo
evitado, se amasse verdadeiramente a Síria. Infelizmente, como todos os
déspotas, ama mais o poder.
Reiteramos portanto, e mais uma
vez, o nosso asco perante tal criatura que persiste em não abandonar o poder na
Síria. A vida dele não vale a de uma criança síria. A força estava e está do
lado dele. Por isso era ele que tinha a obrigação moral de abandonar o poder e
convocar eleições justas e pluripartidárias. Não o fez. Preferiu avolumar a “bola
de neve” da violência e das vítimas dum conflito que entretanto se tornou numa
guerra civil. Há terroristas entre os opositores ao governo sírio? Agora há e
cada vez mais. Não foi sempre assim. Mas Bashar-al-Assad supera-os a todos.
Podia ter evitado a que chegássemos a este ponto mas não o fez. Preferiu ficar,
preferiu matar.
Por isso, se vem agora o Chavez
dizer os disparates que diz em apoio a Assad, isso só lhe fica mal. Mas não nos
admiremos de ver democratas apoiarem ditadores. Esta é a realpolitik do mundo. Não apoiaram os democratas americanos, o general
Pinochet? Não foram os democratas europeus dar apertos de mão, noutros tempos,
a Kadhafi na sua tenda, na Líbia, ou não o acolheram na sua casa? E depois, não
foram esses mesmos democratas que o mataram?
E assim aprendemos que uma coisa
é a realpolitik e a outra é a nossa
posição, que ainda pensamos pela nossa cabeça.
Bashar-al-Assad é um criminoso de
guerra, os factos comprovam-no, e essa é a nossa convicção.