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Próximo de Ayamonte há uma pequena
vila piscatória chamada Punta del Moral e junto a ela foi construída uma “cidade”
fantasma que permanece a maior parte do ano vazia. Não é a única cidade
fantasma nas imediações de Ayamonte. Não é a única cidade fantasma de Espanha. Quando
calcorreamos as ruas da nova Punta del Moral, não nos deixamos de questionar
acerca do enorme investimento bancário realizado, do dinheiro dos depositantes
enterrado naquilo, da bolha imobiliária, do buraco colossal criado pelos bancos
que agora os contribuintes vão ter de tapar, da nacionalização de bancos que
estão na bancarrota. Falidos nunca estão: os bancos são demasiado importantes para
falir, dizem os acólitos do mercado auto-regulado – caprichosamente as leis do mercado,
tão defendidas pelos seus teólogos, não se aplicam aos bancos. Nacionalizam-se
os bancos – por exemplo, o Bankia - e pagam as despesas os contribuintes, para
bem dos accionistas.
Em Punta del Moral, os edifícios vazios
sucedem-se uns aos outros, cada qual com dezenas de apartamentos vazios. E
assim passeámos em Punta del Moral, no dia em que Amaya Egaña, 53 anos,
funcionária do Bizkaibus, um serviço interurbano de autocarros de Biscaia, se
atirou de um quarto andar, à chegada de uma equipa judicial, que a mando de um qualquer
juiz e a pedido de um qualquer banco (a notícia, aqui, não diz, depreende-se), se
preparava para proceder a mais uma ordem de despejo.