VIVA A GREVE GERAL
MULTINACIONAL!
É POR AQUI O CAMINHO.
“Aquilo que, desde o início,
tornou verdadeiramente espectral o comunismo ascendente e lhe conferiu a força
de atrair a si os reflexos paranóicos dos seus adversários, foi a sua
capacidade, cedo reconhecida, de ameaçar de destruição o status quo vigente."
(…)
“Ironicamente, o banco mundial da
ira comunista alcançou o seu mais significativo êxito sob a forma de um efeito secundário
não intencional. Ao acumular um poderosíssimo potencial político e ideológico,
ajudou os seus adversários de outrora, os sociais-democratas ocidentais, a
alcançar o ponto mais alto da sua eficácia histórica. Facilitou aos partidos socialistas
moderados da Europa a tarefa de obrigar os dirigentes liberais e conservadores
a fazer uma quantidade nunca vista de concessões na distribuição da riqueza e
na organização das redes sociais. Foi uma situação como esta que tornou
plausível a passagem para o controlo do Estado de largas fatias das indústrias
nacionais, nomeadamente em França e na Grã-Bretanha.”
Peter Sloterdijk (2007), “Os novos frutos da ira: pós-comunismo,
neoliberalismo e islamismo” in O Estado
do Mundo, 2ª ed., Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2007, pág. 195-196.
***
A articulação sindical multinacional
é um elemento chave para que os sindicatos e os trabalhadores voltem a adquirir
a força que perderam na recomposição de poderes verificada desde a decadência
dos regimes comunistas do Leste da Europa. Com a queda da “cortina de ferro” deixou
de existir uma alternativa materializada do outro lado. A sua existência, por si
só, tornava o patronato e os governos liberais e
conservadores do lado de cá, mais dóceis, mais propensos à negociação e à cedência, receosos de eventuais
reviravoltas políticas.
Sindicatos isolados nacionalmente,
no actual contexto de globalização, já não funcionam com eficácia e perdem
gradualmente força, como se tem vindo a verificar. É que a actual economia já
não se cinge às fronteiras nacionais, ou seja, a economia mundial já não
corresponde ao somatório das economias nacionais. Vivemos já na era da economia
global. Nunca como hoje fez tanto sentido o chavão marxista: “Trabalhadores de
todo o mundo, uni-vos!” Caso tal união falhe, então será o fim das relações
laborais tal como as conhecemos. Aguardar-nos-á uma espécie de neofeudalismo,
onde a maioria passará a ser a classe servil, ou, no pior cenário, caminharemos
para o mundo dos “jogos da fome” – um mundo cada vez mais polarizado entre uma
minoria usurpadora e uma maioria escrava que a alimenta e entretém.