"O espectáculo da violência é deplorável. Aquilo que o país viu ontem
junto do Parlamento foi, a meu ver, um sério sinal de alerta para a degradação
das condições de vida da generalidade da população portuguesa e para o perigo
iminente que, com o borbulhar das convulsões sociais, ameaça a paz podre em que
vive a Europa do sul sob a batuta dos interesses alemães. Antes, porém, de reprovar veementemente a agressão aos polícias por parte dos manifestantes violentos e de me enojar com a "facilidade" com que a polícia de choque parte dentes, ossos e cabeças indiscriminadamente, acuso Passos Coelho, Paulo Portas, Victor Gaspar, Álvaro Santos Pereira, António Borges e todos os vampiros da finança transnacional que têm beneficiado com a transferência de riqueza; e acuso Angela Merkel, Durão Barroso, Von Rompuy, Olli Rehn, Christine Lagarde, e todos os responsáveis das instituições europeias e internacionais que liberalizaram as transacções financeiras e o comércio mundial desrespeitando os direitos dos povos e a própria vida."
Também eu acuso, embora com pesos
diferentes. Aos lacaios que nos lideram, acuso-os com mais veemência.
Faltou-lhes a visão, ou moveram-se pela traição (mas nisto nem quero acreditar),
e por isso caímos na submissão doutros que viram mais além e melhor defenderam
os seus interesses e os dos seus países, egoisticamente, como nunca esperáramos,
contra os nossos, nesta Europa em que embarcámos e que tinha por princípios a “solidariedade" e a "coesão”. Contudo, também essa maior visão, obsessiva e austeritária, que
esses "iluminados" detinham e na qual ainda persistem, paradoxalmente, poderá tornar-se numa
cegueira maior: a de não verem que a Europa poderá voltar, a prazo, à velha
Europa.
A atribuição do Prémio Nobel da
Paz à União Europeia, não foi descabido. Para que os europeus ocidentais se
lembrem destes 67 anos de paz nos seus solos pátrios, conseguidos pela união e
solidariedade entre os povos, contra os egoísmos nacionais.