Não saibas: imagina…
Deixa falar o mestre e devaneia…
A velhice é que sabe, e apenas
sabe
Que o mar não cabe
Na poça que a inocência abre na
areia.
Sonha!
Inventa um alfabeto
De ilusões…
Um a-bê-cê secreto
Que soletres à margem das lições…
Voa pela janela
De encontro a qualquer sol que te
sorria!
Asas? Não precisas:
Vais ao colo das brisas,
Aias da fantasia…
Miguel
Torga,
S.
Martinho de Anta, 18 de Abril de 1962