
E diz ainda que “sem reforma do
sistema político, vejo com muito cepticismo a possibilidade de fazermos uma
reforma da administração pública". Aqui. De acordo, uma vez mais.
Na verdade, é maior o escrutínio
que se faz para contratar um condutor de ambulâncias do INEM do que o que se
realiza para escolher um político para um cargo na governação do país ou de um
partido político maioritário. O resultado está à vista, o espaço político
institucional foi invadido por incompetentes, vigaristas, gente sem ética,
cínicos e canalhas.
Gente que utiliza os partidos (em
particular os do famoso “arco do poder” ou “da governação”) para ascender e chegar-se
ao poder (ao “pote”, dizem alguns deles), pensando em primeiro lugar em
servir-se a si, em servir os seus amigos e clientelas, os lobbies que representam, e só depois, muito depois, os cidadãos
comuns.
É óbvio que o sistema político
deve ser reformado em primeiro lugar. Os partidos deveriam ser “imunizados”
contra estes elementos, que se servem deles como cavalos e Tróia para
alcançarem os seus intentos e satisfazerem as suas ambições pessoais, sem
olharem a meios. Os candidatos a lugares de topo nos partidos e no país
deveriam ser muito bem escrutinados – o seu passado, o seu presente -, antes de
assumirem tais posições.
Não seria o fim dos vigaristas na
política, mas cremos que a qualidade da democracia melhoraria bastante.
Afinal, ninguém gosta de ser governado por vigaristas e incompetentes, muitos dos quais lhes basta aguardar que o poder lhes caia no colo, que é uma questão de tempo, dizem eles.