Portugal foi aos mercados.
Aleluia! Que bom é para Portugal e para todos nós, portugueses. Agora é que vai ser: o
número de pobres reduzir-se-á, os desempregados tornar-se-ão residuais, as desigualdades sociais esbater-se-ão, e cessará a emigração por razões económicas. Finalmente as obras
iniciadas serão terminadas: túneis (o do Marão, por exemplo), auto-estradas, (o IP8, por exemplo), linhas de caminho-de-ferro (o ramal da Lousã, por exemplo),
as escolas inacabadas (as do Parque Escolar, por exemplo) pontes (a terceira travessia do Tejo, por exemplo), o novo aeroporto de Lisboa, a linha do T.G.V. e mais o T.G.V. e etc., etc., etc. Finalmente, agora sim, é que vão retirar as medievais
portagens das auto-estradas, essas taxas que sufocam a competitividade das
nossas empresas, e que tornam todos os lugares do país mais distantes, se considerarmos a distância-custo. Enfim, agora é que o país vai crescer, mas a taxas superiores
a 3% ao ano, porque, como é sabido, taxas de crescimento positivas inferiores a 1% não criam necessariamente
emprego. Agora é que é: o desemprego e o empobrecimento vão desaparecer dos
nossos horizontes. Vão devolver-nos tudo o que nos roubaram em taxas e
impostos, para não falar em direitos a que muitos chamaram, maldosamente, regalias.
Portugal voltou aos mercados. Rejubilemos! Aleluia! Aleluia! Aleluia!