terça-feira, janeiro 22, 2013

O Verbo


Ninguém lê o que escrevemos. E depois? Fica escrito! E quando partirmos, ficou escrito! E quando o vento varrer o que escrevemos e as palavras se perderem para sempre nas areias do tempo, o que importa é termos escrito. O que importa é termos passado das palavras aos actos e dos actos às palavras. E esse acto, o de termos escrito, ninguém poderá apagar. E sempre poderemos dizer: ousámos lançar palavras ao vento e lançámo-las. As palavras não morrem. O Verbo já cá andava. No princípio já existia o Verbo. E o Verbo ficará, mesmo que tudo se suma num longo silêncio.

***

Para esclarecimento, remetemos para o poema de Alfonso Canales, O Discurso de César às Legiões, que termina assim:

quando
tudo se suma num longo silêncio, e não haja um só
sinal para decifrar, TEREI VIVIDO.

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