Ninguém lê o que escrevemos. E
depois? Fica escrito! E quando partirmos, ficou escrito! E quando o vento
varrer o que escrevemos e as palavras se perderem para sempre nas areias do
tempo, o que importa é termos escrito. O que importa é termos passado das
palavras aos actos e dos actos às palavras. E esse acto, o de termos escrito, ninguém poderá apagar. E sempre poderemos dizer: ousámos lançar
palavras ao vento e lançámo-las. As palavras não morrem. O Verbo já cá andava. No princípio já existia o Verbo. E o
Verbo ficará, mesmo que tudo se suma num
longo silêncio.
***
Para esclarecimento, remetemos
para o poema de Alfonso Canales, O Discurso de César às Legiões, que termina assim:
quando
tudo se suma num longo silêncio, e não haja um só
sinal para decifrar, TEREI VIVIDO.