“A crise, já o dizia Gramsci, dá-se quando o mundo antigo ainda não
morreu e o novo ainda está para nascer.”
Jacques Adda, A mundialização da economia, Vol. 1:
Génese, Terramar, 1997, pág. 73
Há certas crises que se
aprofundam dia após dia, e os afligidos nessa circunstância aguardam sempre com
a secreta esperança de que no dia seguinte tudo se normalize por si. Agarram-se
a um qualquer sinal positivo que se evidencie, ainda que fugaz, a um qualquer
fogacho de esperança. Então, por breves instantes, vivem na ilusão de que tudo
se irá recompor. Que a habitual normalidade voltará em breve. Mas momentos
depois, ou no dia seguinte, verificam, quase em pânico, que se tratava de um
falso alarme e que a circunstância que os ameaçava, afinal não os abandonou, apresentando-se
ainda mais ameaçadora. E nisto continuam os aflitos, dia após dia, até que um
rápido agravamento da própria circunstância os obriga a agir com a máxima urgência.
A crise atinge o seu clímax exactamente quando se apercebem da impossibilidade
de qualquer regresso à normalidade, quando a circunstância escapa ao seu
controlo, no limiar da esperança que rapidamente se esvai. Nesse momento a perigosidade da
situação revela-se em toda a sua magnitude, ameaçadora. Tudo se agita então e
tudo acaba por se resolver, com maior ou menor dano, com mais ou menos tempo. O tempo é sempre necessário para qualquer
normalização. Contudo, a normalidade a que se regressa, jamais será a mesma.
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