O Górgias de
Platão foi uma das aquisições recentes por este bibliófilo. O culpado foi um
tal de Frederico Lourenço que escreveu algures na sua Grécia Revisitada, que “o Górgias
de Platão está para a obra de Platão como a sonata “Apassionata” para a de Beethoven”.
Mas o classicista diz mais: “O leitor moderno do Górgias está mais apto a compreender as razões
profundas da desconfiança de Platão relativamente à classe política, uma vez
que hoje em dia estamos mais alertados que nunca para a ‘retórica’ oca da
adulação das massas (para utilizar um conceito típico do Górgias), que está na base das manobras eleitorais,
por demais conhecidas das sociedades “democráticas” para precisarem aqui de
serem explicitadas.” (Frederico Lourenço, Grécia Revisitada, Livros Cotovia, 2004).
E mais adiante: “Basta pensarmos na história recente do
século XX para darmos razão à forma indignada como Platão rejeita a retórica:
uma arte que não é uma arte, sem qualidades definidas, pouco melhor que uma
versão verbal e particularmente insalubre da haute cuisine – para retomar a própria analogia socrática.”
(Frederico Lourenço, Grécia Revisitada,
Livros Cotovia, 2004).
E pronto, lá comprei o Górgias, na Feira do Livro da FNAC, a
preço de banana. Uma obra imorredoura, um monumento, por apenas 7,80 €.
E assim, vivam os classicistas, pelas suas preciosas indicações e traduções! E viva a Feira do Livro! (Estranho: no Porto critica-se o centralismo de Lisboa,
mas abandona-se a Feira do Livro ao centralismo da capital. Parece que há por lá quem saque da
pistola, sempre que ouve falar de cultura, ou estarei a ser injusto?)
Fica a capa da dita obra:
Platão, Górgias. Tradução de Manuel de Oliveira Pulquério, Lisboa
Edições 70, 1992.
PS - Mas o que estão as Edições 70 à espera para publicarem os Livros II, VII e IX da História de Heródoto?
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