domingo, junho 16, 2013

Verão quente


Quando o cardo floresce e a sonora cigarra,
pousada na árvore, espalha o melodioso canto,
pela fricção das asas, na penosa estação do calor
nessa altura são mais gordas as cabras e o vinho melhor,
mais ardentes as mulheres e moles os homens;
Sírius abrasa-lhes a cabeça e os joelhos,
fica-lhes ressequida a pele pelo calor. É tempo então
de gozar a sombra de uma rocha, o vinho biblino,
um pão quente de qualidade, leite de cabra que já não amamenta,
carne de vitela apascentada nos bosques, que ainda não pariu,
e de cabritos tenros. Bebe então o vinho rubro,
sentado à sombra, saciado o coração com o festim,
o rosto voltado de frente para a frescura do Zéfiro;
e de uma fonte que corre perene e límpida,
deita três partes de água e a quarta de vinho.
Ordena aos escravos que o trigo sagrado de Deméter
arejem, logo que desponte a força de Oríon,
 em lugar bem ventilado e em eira redonda.

Hesíodo, Trabalhos e  Dias


in Pinheiro, Ana Elias (trad.), Ferreira, José Ribeiro (trad.), Teogonia;Trabalhos e Dias, Lisboa, Imprensa Nacional Casa da Moeda, 2005, pp. 114-115


(Uma eira redonda perto de Sentinela, no Algarve Oriental)

(O Verão toma de assalto as serras...)

(...e os laranjais).

A primeira foto é da albufeira da barragem do Beliche.

Todas as fotos foram tiradas hoje, 16/06/2013.

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