
Gonçalo Cadilhe, África Acima, Oficina do Livro, 2007, p. 19
Conforta-me saber que existem viajantes
experimentados que, depois de terem visto o mundo, ainda assim guardam uma
confiança incondicional no ser humano, esse perigoso animal mais imprevisível do
que um tubarão.
***
Não é que Gonçalo acredite viver
no melhor dos mundos, como o doutor Pangloss, na história de outro grande
optimista. Gonçalo não é ingénuo. Mas sabe que pode aventurar-se pelo mundo com
relativa segurança, uma vez que sempre existem ilhas com bons ancoradouros onde
poderá abrigar-se das tempestades.
Depois de ter lido as
desventuras de Serpa Pinto pelas terras da África Austral no final do século
XIX, e a história da travessia de Paul Theroux no século XX, do Cairo ao Cabo,
sinto curiosidade em saber como se sairá Gonçalo Cadilhe nesse continente que é
encanto e desencanto, que é sonho e pesadelo, que é tudo e o seu contrário.
Vou ler.
***
África Acima?! Depende da perspectiva. Podia ser África Abaixo. Perdoem-me a embirração, mas na Geografia não existe essa coisa do acima e do abaixo, da esquerda e da direita. Orientamo-nos por pontos cardeais, colaterais e intermédios e pelas coordenadas geográficas. Esta obra de Gonçalo (não conheço as outras) também não prima pela cronologia. Ele parte, ele chega, aqui e ali, mas quando, senhores? Onde estão as datas? Sei que publicou os relatos periodicamente no Expresso, mas para quem não leu, ajudaria a que no livro viesse referenciada a cronologia da viagem, das partidas e das chegadas. É só uma sugestão para futuras edições.
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