Diz Fernando Madrinha, na sua
coluna no Expresso, que a saída do
Governo de Vítor Gaspar e a demissão “irrevogável” de Paulo Portas
interromperam a “consistente tendência de queda” dos juros que permitem o
acesso aos mercados financeiros. Ora isto não é, pura e simplesmente, verdade. A
saída do Governo de Vítor Gaspar não interrompeu a “consistente tendência de
queda”, coisíssima nenhuma, por uma razão muito simples: não se registava, à
data, nenhuma “consistente tendência de queda”. Este facto é facilmente
constatável no gráfico abaixo (fonte: Bloomberg), relativo aos juros a 10 anos.
Como pode se verificar, desde o
dia 21 de Maio de 2013 que se registava uma consistente tendência de crescimento
dos juros da dívida a 10 anos (no dia 21 de Maio, as taxas de juro foram as
mais baixas do ano, cerca de 5,23%, e a partir daí inflectiram, começando a
aumentar de forma sustentada; quando Gaspar sai, a 1 de Julho, a taxa de juro
estava a 6,39%). E se é verdade que as taxas de juro diminuíram entre 25 de
Junho e 1 de Julho, tal movimento não é suficientemente amplo para constituir
uma tendência “sustentada”. Pelo contrário, o movimento que se processa entre
22 de Maio e 3 de Julho de 2013, sendo mais amplo, é o que caracteriza a
tendência que então se verificava.
Em suma, quando Gaspar sai, a coisa
já tinha dado para o torto.
Gosto de ler o que escreve
Fernando Madrinha, mas discordo dele neste ponto. Atribui a Gaspar uma
importância que ele não tem. São os mercados financeiros que determinam a saída
de Gaspar. Não é Gaspar que determina a evolução sustentada dos mercados
financeiros. Antes fosse.
Este texto é... serviço público!
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