Escrevo da invicta, mui industriosa e livre cidade do Porto.
Lisboa fede. Alguns dirão que fede porque há luta. Ainda assim fede, a filha da
puta.
Agora ide a correr dizer que enlouqueci.
***
O Porto é hoje o bastião de uma revolução democrática que porventura poderá alastrar ao resto do país. Seria bom que assim fosse. As suas gentes elegeram para o governo da cidade um não-alinhado com os partidos tradicionais. Estes, tolhidos pela inércia e por uma rotina de décadas, parecem ainda não se ter dado conta do significado de tal eleição. Tudo está a mudar (e não é para que tudo fique na mesma) e o mundo mudou. Os partidos tradicionais continuam a comportar-se como o têm feito ao longo deste últimos quarenta anos - como se fossem donos do País, instalando as suas gentes em lugares-chave, ainda que muitos dos seus militantes e simpatizantes não possuam qualquer mérito para a gestão de instituições públicas, quanto mais para a governação do País. Comportam-se como se isso passasse despercebido aos olhos dos demais cidadãos. Pagarão! E no Porto tiveram uma resposta. As gentes desta cidade ousaram virar as costas aos candidatos dos partidos tradicionais, em particular, aos do “arco da governação” e às suas máquinas partidárias, e elegeram um cidadão liberal (não confundir com neoliberal, por favor).
Lisboa, por sua vez, fede e fede
cada vez mais. O seu centralismo em época de parcos recursos ganha uma
visibilidade cada vez maior, e é cada vez maior de facto. Como um buraco negro
que tudo absorve, Lisboa come tudo, come tudo e não deixa nada. O País definha,
e o País não é Lisboa.
Sem comentários:
Enviar um comentário