terça-feira, dezembro 31, 2013

Lisboa e Porto

Escrevo da invicta, mui industriosa e livre cidade do Porto. Lisboa fede. Alguns dirão que fede porque há luta. Ainda assim fede, a filha da puta.

Agora ide a correr dizer que enlouqueci.

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O Porto é hoje o bastião de uma revolução democrática que porventura poderá alastrar ao resto do país. Seria bom que assim fosse. As suas gentes elegeram para o governo da cidade um não-alinhado com os partidos tradicionais. Estes, tolhidos pela inércia e por uma rotina de décadas, parecem ainda não se ter dado conta do significado de tal eleição. Tudo está a mudar (e não é para que tudo fique na mesma) e o mundo mudou. Os partidos tradicionais continuam a comportar-se como o têm feito ao longo deste últimos quarenta anos - como se fossem donos do País, instalando as suas gentes em lugares-chave, ainda que muitos dos seus militantes e simpatizantes não possuam qualquer mérito para a gestão de instituições públicas, quanto mais para a governação do País. Comportam-se como se isso passasse despercebido aos olhos dos demais cidadãos. Pagarão! E no Porto tiveram uma resposta. As gentes desta cidade ousaram virar as costas aos candidatos dos partidos tradicionais, em particular, aos do “arco da governação” e às suas máquinas partidárias, e elegeram um cidadão liberal (não confundir com neoliberal, por favor).

Lisboa, por sua vez, fede e fede cada vez mais. O seu centralismo em época de parcos recursos ganha uma visibilidade cada vez maior, e é cada vez maior de facto. Como um buraco negro que tudo absorve, Lisboa come tudo, come tudo e não deixa nada. O País definha, e o País não é Lisboa.

O Porto é um bom lugar para começar o novo ano.

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