
Meus caros, eles já não nos
representam. Qual democracia representativa, qual quê? Eles representam os credores
internacionais e outros interesses que não os nossos. Nós só lhes interessamos
na medida em que, estamos convocados para lhes pagar as dívidas e os juros usurários.
O melhor, meus amigos, é votar com os pés, partir, e ir contribuir para outra
freguesia (contribuir, na verdadeira acepção da palavra: como contribuinte!). E
diga-se de passagem, muitos já o fizeram.
Tenho dito.
Epílogo
«Hoje, a classe
política vive atascada nos problemas e nas soluções de curto prazo, segundo a
temporalidade própria dos ciclos eleitorais, nos países centrais, ou dos golpes
e contra-golpes, nos países periféricos. Por outro lado, uma parte
significativa da população nos países centrais vive dominada pela temporalidade
cada vez mais curta e obsolescente do consumo, enquanto uma grande maioria da população
dos países periféricos vive dominada pelo prazo imediato e pela urgência da
sobrevivência diária.»
Boaventura de Sousa Santos, Pela Mão de Alice, 9ª
ed., Almedina, 2013, Pág. 277
Hoje existe ainda outra
temporalidade que Boaventura de Sousa Santos não aborda, talvez porque no momento
em que realizou a sua análise essa tendência ainda não se tinha materializado
claramente aos seus olhos prescientes - é a temporalidade do curtíssimo prazo que agora determina as decisões dos governos: o tempo dos mercados financeiros, o tempo
dos credores.
"Eles já não nos representam"
ResponderEliminardefenestremo-los!, em vez de partir...
raios os partam