A falta de tempo tem dificultado
a minha vinda aqui e a actualização do blogue que se quer como um caderninho de
pequenas (e grandes) notas, para mais tarde reler.
Medeiros Ferreira faleceu há uns
dias. No dia da sua morte quis mas não consegui deixar-lhe aqui a minha humilde
homenagem. A austeridade roubou-me tempo. A austeridade levada ao extremo
conduzirá à servidão e à escravatura, caso o permitamos. É notório.
Medeiros então partiu.
Recordo-o doutros tempos, dos
corredores da Universidade. Eu, aluno, cruzava-me por vezes com ele, Professor.
Sabia quem ele era. Sabia que foi no mesmo arquipélago que vimos pela primeira
vez a luz, sabia que tínhamos isso em comum. Eu simpatizava com o homem, que
parecia sempre azafamado, sempre em movimento. Partiu esta semana o meu
conterrâneo insular açoriano.
Que descanse em paz.
Estes homens e mulheres que
cresceram connosco e que nos acompanharam (habituámo-nos à sua constante ou pontual presença desde que temos memória) estão aos poucos a partir e a deixar-nos aqui
pelo mundo. Já sem eles, ficamos mais sós, cada vez mais entregues a nós mesmos
e às circunstâncias da vida. Eles são as nossas referências que partem.
Mas ainda bem que deixaram obra. Ainda
bem que existiram. Ainda bem que continuam connosco, pela obra que nos deixam. Podemos ainda ouvir o seu pensamento, ler os seus escritos, conhecer as suas ideias. Dessa forma permanecem connosco. Não tenhamos dúvidas.