«Se Deus fizesse tenções de corrigir a degenerescência da humanidade não
o teria feito já? Os lobos eliminam as suas crias mais fracas, homem. Que outra
criatura seria capaz disso? E a raça humana não é ainda mais rapace? As leis
naturais mandam germinar, dar flor e fenecer, mas nos afazeres dos homens não
há declínio e o meio-dia da sua expressão assinala o começo da noite. A alma
humana fica exaurida no ponto culminante das suas façanhas. O seu meridiano é a
um tempo o início das trevas e o declinar do seu dia. O ser humano gosta de jogos?
Pois que jogue a valer. Isto que vocês aqui vêem, estas ruínas que as tribos de
selvagens tanto admiram, não vos parece que vai repetir-se? Vai, sim. Vezes sem
conta. Com outros povos, com outros filhos.»
Cormac McCarthy, Meridiano de Sangue, Biblioteca Sábado, 2008, pág. 126.
(os destaques são nossos)
Efeito Ozymândias.