“Vivemos numa espécie de neoliberalismo que começou a ganhar o Ocidente
e que se tornou extremamente agudo depois da queda do muro de Berlim – e que é
muito confundível com o neo-riquismo -, e que, atacado pela crise em que
estamos, se transformou num neoliberalismo repressivo, com a multiplicação de
impostos, de restrições, etc. Sou contra o neoliberalismo repressivo.”
Adriano Moreia, entrevista
ao Jornal “i”, 26 de Julho de 2014
O neoliberalismo é para muitos
fundamentalistas de mercado uma palavra proibida. Isso não existe, dizem eles,
confundindo liberalismo com neoliberalismo. Que estamos a ver gigantes onde só
existem moinhos de vento. Que tal dogma, tal como o consideramos, é incompatível com os aumentos de
impostos.
As palavras do Professor Adriano
Moreira devem ter feito muita gente arrancar os cabelos do cocuruto, ou rasgado
as vestes, vindas de quem vieram.
Os fundamentalistas de mercado fingem
não saber que a política fiscal, se for conduzida de acordo com o dogma
neoliberal, contribui não para uma justa redistribuição da riqueza, mas sim,
para uma injusta concentração da riqueza, amplificando ainda mais as
imperfeições do funcionamento do capitalismo, em vez de o regular, aumentado as
desigualdades sociais em vez de as estreitar. É o que está a ocorrer actualmente,
com o neoliberalismo repressivo “que
começou a ganhar o Ocidente”. Alarga-se a base tributária, e, como num funil invertido, concentra-se a riqueza,
através da condução dos rendimentos colectados aos contribuintes, fiscalmente assaltados,
para os bolsos de uma minoria de credores usurários da alta finança
internacional. Se não, como explicar o facto de ao enorme aumento de impostos
corresponder uma degradação generalizada dos serviços públicos e a desactivação
de muitos outros? Se pagamos mais impostos, então deveríamos ser melhor
servidos, ou não é assim?
A actual política fiscal é injusta, pois tira a
muitos para dar a poucos. Estamos colocados perante uma injustiça
fiscal, para não lhe chamar um assalto.