segunda-feira, julho 07, 2014

Portugal, A Flor e a Foice, de J. Rentes de Carvalho

O livro de J. Rentes de Carvalho, Portugal, A Flor e a Foice, projecta uma luz de holofote sobre um período histórico, que agora alguns querem branquear em novas historiografias. Ao lê-lo tudo fica mais claro. Escrito em cima dos acontecimentos, mas em dois espaços diferentes, Portugal e Holanda, o que lhe confere quase simultaneamente a proximidade e a distância necessárias a uma visão clara, livre de contaminações revisionistas, não se coíbe de chamar os bois pelos nomes. Ao contrário de uma certa História de Portugal que por aí foi contada em fascículos – refiro-me àquela que foi coordenada por Rui Ramos e companhia -, em que não se ousa chamar ao Estado Novo de Salazar, aquilo que ele realmente foi, um regime fascista, Rentes coloca-os – a Salazar e ao estado Novo - no seu devido lugar, entre os regimes fascistas europeus. Finda a leitura, o sentimento é de gratidão para com o homem, pela leitura prazerosa e por clarificar em momento oportuno o que muitos por aí nos querem ocultar ou confundir, trocando as voltas à história.

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O general António de Spínola, primeiro presidente da IIIª República, lutou na Guerra Civil de Espanha ao lado dos franquistas, como voluntário, e esteve ao lado dos nazis, com as tropas alemãs do general Von Paulus, em Estalinegrado. É caso para dizer “Herr von Spínola”, como lhe chama Rentes, num capítulo que lhe é dedicado. Não deixa de ser uma ironia que o primeiro presidente após o 25 de Abril de 1974 tenha estado com os nazis e com os franquistas, num dos períodos mais negros na história da Europa e do mundo.

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