
Fomos ver, e... pasmo!
O tal relatório da OCDE intitulado,
Portugal, Consolidação da Reforma Estrutural para o Apoio ao Crescimento e Competitividade, Julho de 2014, refere logo
no prefácio do Sr. Angel Gurría (3ª frase) que “Portugal conseguiu reduzir a
desigualdade na distribuição do rendimento e conter o aumento da pobreza,
apesar de passar por uma grave crise, com níveis recorde de desemprego.”
Depois de esfregarmos os olhos, fomos ver melhor à página 9
do dito relatório e lá diz:
“De acordo com o coeficiente de Gini entre 2007 e 2012, Portugal sofreu, de forma efetiva, o segundo
maior decréscimo ao nível da desigualdade na distribuição dos rendimentos da
União Europeia, (Figura 6). Contudo, a
melhoria na distribuição do rendimento concentrou-se no período de 2007 a 2009.
Desde então, a desigualdade pouco
variou, mantendo-se estagnada num nível elevado (o sexto mais elevado da
OCDE). A taxa de pobreza
relativa também desceu de forma acentuada neste período, uma
conquista que o País conseguiu manter durante a crise apesar do difícil
ambiente económico (Figura 7).” (os destaques e sublinhados são nossos)
Fomos ver os gráficos: referem-se
no título, a alterações no coeficiente de Gini e da taxa de pobreza relativa, no
período 2007-2011. Além disso saliente-se que segundo o relatório: “a
melhoria na distribuição do rendimento concentrou-se no período de 2007 a 2009”.
Que desilusão! O presente governo
assumiu funções em meados de 2011. O período a que se refere o relatório, no
que respeita à variação do coeficiente de Gini e à variação do índice de pobreza
relativa, abrange, quanto muito, os primeiros 6 meses da sua actuação, contudo,
a informação foi apresentada nos órgãos de comunicação social, de tal forma, que
esses “êxitos” parecem ser da sua lavra. É no que dá um relatório feito de
encomenda.
Nos discursos do
primeiro-ministro e do Sr. Angel Gurría omitiu-se oportunamente o facto de a
melhoria na distribuição do rendimento se ter concentrado no período de 2007 a
2009
e que o nível de desigualdade de rendimentos é ainda “o
sexto mais elevado da OCDE”.
O cinismo desta gente é de bradar
aos céus.
O referido relatório pode ser
consultado AQUI.