É longe, mas transportamo-la no coração. Quando a bomba caiu tudo caiu, mas as paredes dos
velhos edifícios construídos pelos nossos antepassados ficaram de pé ao
contrário das construções de madeira japonesas, que arderam facilmente. Consta
que num qualquer ano da Graça, lá para meados do século XVI, os mercadores e
padres portugueses desembarcaram nas praias do Japão e fundaram a cidade.
Levaram as armas de fogo, a Fé e a tempura, para além de tudo o resto que
levaram. Levaram Portugal.
Hoje lembramos esse dia de 1945
em que se cometeu um dos mais horrendos e hediondos crimes de guerra contra os
japoneses e, de certa forma, contra nós. Os americanos podiam ter-se limitado a
mostrar os dentes, ou a realizar uma manifestação de força no mar, ao largo da
costa do Japão, ou apenas a esperar, pois já tinham lançado uma bomba atómica a
6 de Agosto em Hiroxima. Mas não. Preferiram morder outra vez. No dia 9 de
Agosto de 1945 foram assassinadas, a sangue frio, entre 60 000 a 80 000 pessoas
– não é conhecido o número exacto - na cidade portuária de Nagasaki. A nossa
cidade portuária de Nagasaki.