Brandida a espada num primeiro
momento, rapidamente foi depois embainhada. No final Tsipras recuou até à parede.
Sucumbiu ao discurso do “não há alternativa”.
Há alternativa, mas todas as
alternativas têm um preço.
Jogou-se a cartada da Rússia –
bem jogada, pois quer dizer que a posição geopolítica grega tem um preço, que o
Ocidente terá de pagar se quiser a Grécia do seu lado. Dirigentes de instituições
como o FMI cometem já o sacrilégio de pronunciar a palavra “reestruturação” e
assumem a insustentabilidade da dívida grega. Não é por acaso.
A cartada do referendo foi inesperada,
ousada e bem jogada, mas inconsequente. Apresenta-se
agora como um bluff que não surtiu
efeito. Alguns argumentaram que a democracia da Grécia não valia mais do que as
restantes 18 democracias da Zona Euro, como se fosse essa a questão em cima da mesa. O valor
das outras democracias nunca foi posto em causa por aquele referendo.
Mas curiosamente, um dos perdedores
desta história foi Wolfgang Schäuble, que desejava a saída da Grécia
da Zona Euro - teve até uma altercação com Mário Draghi por causas disso, segundo consta. Os outros perdedores
foram os gregos e os contribuintes da Zona Euro.
Os vencedores foram, mais uma vez,
os especuladores: irão colher os milhares de milhões despejados novamente em
cima da Grécia. São eles quem continuará a beneficiar dos disfuncionamentos da
Zona Euro.