terça-feira, julho 28, 2015

O mural da história

O desgraçado do lorde barão deixou-se filmar com prostitutas e cocaína. Dizem que era o presidente do Comité de Conduta e Privilégios da Câmara dos Lordes e que por vezes arengava para que os seus pares se pautassem por um bom comportamento e pelos bons costumes, não fosse tão nobre instituição ser desonrada.

Lembrei-me de uma frase escrita num mural algures, num grafiti bem grosseiro, informando que “O Morais foi às putas”, tout court.

É o mural da história.

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segunda-feira, julho 27, 2015

Trump e a sua muralha


Disse que construiria uma muralha impenetrável, colossal, a todo o comprimento da fronteira entre os EUA e o México. Três mil cento e quarenta e cinco quilómetros, do Golfo de México ao Pacífico! Quer impedir a entrada de migrantes e refugiados nas terras do sonho americano. A terra dos imigrantes. Eles que sonhem mas não ousem pisar a terra do Tio Sam. Ele já não os quer. Sonhos americanos são para os americanos. Nem os desertos de Sonora e do Mojave, onde muitos já se perdem, lhe bastam. Venha a muralha. Saberá Trump que não foi assim que a América se fez?

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domingo, julho 26, 2015

Plutão, o anão

A sonda detectou gelos exóticos constituídos por nitrogénio, monóxido de carbono e metano, but no water.

Plutão, Caronte e Terra, à mesma escala.

O tempo dos vendilhões

Em tempos foi aqui dito que a lógica do saqueador do pote seria vendê-lo caso nada mais restasse dentro dele. Pois assim foi nestes anos, com uma agravante: o saqueador do pote, antes de o vender, desfê-lo em cacos e vendeu-o em pedaços. Já pouco resta.

Este é o tempo dos vendilhões.  

sábado, julho 18, 2015

O novo Eixo


Os líderes da Alemanha e da França anteciparam-se um dia à cimeira dos líderes governamentais dos países da Zona Euro para decidirem o que é importante. Primeiro entre si, no dia seguinte com os demais. Como se o Eixo franco-germânico (há quem lhe chame directório) fosse uma instituição da União Europeia. 

Nos palanques, a bandeira da UE é simbolizada atrás das bandeiras dos dois países do Eixo, e nas costas de Merkel e Hollande, lá aparece, tímida a espreitar, também atrás das bandeiras da França e da Alemanha. O simbolismo diz tudo. Na Zona Euro há umas democracias mais importantes do que outras. O domínio do Eixo é exercido pelo soft power ao qual os outros países se submeteram mansamente.

Não admira a relutância dos ingleses em prosseguir numa U.E. assim, dominada pelo Eixo franco-germânico.


quinta-feira, julho 16, 2015

A parede

Brandida a espada num primeiro momento, rapidamente foi depois embainhada. No final Tsipras recuou até à parede. Sucumbiu ao discurso do “não há alternativa”.

Há alternativa, mas todas as alternativas têm um preço.


Jogou-se a cartada da Rússia – bem jogada, pois quer dizer que a posição geopolítica grega tem um preço, que o Ocidente terá de pagar se quiser a Grécia do seu lado. Dirigentes de instituições como o FMI cometem já o sacrilégio de pronunciar a palavra “reestruturação” e assumem a insustentabilidade da dívida grega. Não é por acaso.

A cartada do referendo foi inesperada, ousada e bem jogada, mas inconsequente. Apresenta-se agora como um bluff que não surtiu efeito. Alguns argumentaram que a democracia da Grécia não valia mais do que as restantes 18 democracias da Zona Euro, como se fosse essa a questão em cima da mesa. O valor das outras democracias nunca foi posto em causa por aquele referendo.

Mas curiosamente, um dos perdedores desta história foi Wolfgang Schäuble, que desejava a saída da Grécia da Zona Euro - teve até uma altercação com Mário Draghi por causas disso, segundo consta. Os outros perdedores foram os gregos e os contribuintes da Zona Euro.

Os vencedores foram, mais uma vez, os especuladores: irão colher os milhares de milhões despejados novamente em cima da Grécia. São eles quem continuará a beneficiar dos disfuncionamentos da Zona Euro.

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