quinta-feira, julho 16, 2015

A parede

Brandida a espada num primeiro momento, rapidamente foi depois embainhada. No final Tsipras recuou até à parede. Sucumbiu ao discurso do “não há alternativa”.

Há alternativa, mas todas as alternativas têm um preço.


Jogou-se a cartada da Rússia – bem jogada, pois quer dizer que a posição geopolítica grega tem um preço, que o Ocidente terá de pagar se quiser a Grécia do seu lado. Dirigentes de instituições como o FMI cometem já o sacrilégio de pronunciar a palavra “reestruturação” e assumem a insustentabilidade da dívida grega. Não é por acaso.

A cartada do referendo foi inesperada, ousada e bem jogada, mas inconsequente. Apresenta-se agora como um bluff que não surtiu efeito. Alguns argumentaram que a democracia da Grécia não valia mais do que as restantes 18 democracias da Zona Euro, como se fosse essa a questão em cima da mesa. O valor das outras democracias nunca foi posto em causa por aquele referendo.

Mas curiosamente, um dos perdedores desta história foi Wolfgang Schäuble, que desejava a saída da Grécia da Zona Euro - teve até uma altercação com Mário Draghi por causas disso, segundo consta. Os outros perdedores foram os gregos e os contribuintes da Zona Euro.

Os vencedores foram, mais uma vez, os especuladores: irão colher os milhares de milhões despejados novamente em cima da Grécia. São eles quem continuará a beneficiar dos disfuncionamentos da Zona Euro.

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