Ao contrário do liberalismo
clássico, que contemplava um modelo puramente de mercado, deixado à iniciativa
privada e à livre competição sem nenhuma intervenção do Estado (“mais mercado,
menos Estado”), o neoliberalismo instala-se no próprio Estado. Wendy Brown argumenta que o neoliberalismo,
em contraste com o liberalismo clássico, tende a empoderar cidadãos para os transformar
em empreendedores; por conseguinte, em estabelecer uma ética sem precedentes de
“cálculo económico”, a qual se aplica a actividades em favor do público que
antes o governo garantia.
A prática do neoliberalismo submete as funções sociais do Estado ao
cálculo económico: uma prática invulgar, que introduziu critérios de viabilidade nos serviços públicos, como se eles
fossem empresas privadas, para ordenar os campos da educação, da saúde, da
segurança social, do emprego, da pesquisa científica, do serviço público e da
segurança sob uma perspectiva económica.
Consequentemente, o neoliberalismo
retira a responsabilidade do Estado, fazendo-o renunciar às suas prerrogativas
e avançando na direcção da sua gradual privatização.
Carlo Bordoni
(realces nossos)
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Fonte: Bauman, Zygmunt; Bordoni, Carlo , Estado de Crise, Relógio D’Água, 2016, pp. 30-31.
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