terça-feira, janeiro 10, 2017

Zygmunt Bauman «In Memoriam» (1925 - 2017)

















Outro Mestre que parte: Zygmunt Bauman.

Faleceu no dia 9 de Janeiro. Ontem.

Lamentamos profundamente a sua morte. Já nos tínhamos habituado à sua imagem de ancião, surpreendentemente lúcido. Possuía uma lucidez na análise social do mundo contemporâneo que fazia inveja a muitos jovens.

Era provavelmente o melhor sociólogo do mundo e partiu. Era um prolífico analista social: muitos são os seus escritos. A sua análise era (é) sempre certeira e muitas vezes surpreendente.

Que pena que a sua voz se tenha calado para sempre. Que pena que este homem tenha partido. Hoje, que soubemos da sua partida, fomos invadidos por uma profunda tristeza. Estávamos a ler, com muito prazer, um livro seu (mais um), um diálogo com Carlo Bordoni, como se pode ver pelo post abaixo. E que diálogo.

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Tenho os seus livros muito sublinhados. Ao lado de cada frase sublinhada uma interjeição: "É isto!"

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«A sociedade humana distingue-se de um rebanho de animais porque é possível nela haver quem seja sustentado por outrem; distingue-se porque tem a capacidade de conviver com inválidos, e de tal maneira que poderíamos dizer que a sociedade humana nasceu com a compaixão e a prestação de cuidados a outrem, qualidades que são exclusivamente humanas. O problema que hoje nos preocupa diz respeito a saber como poderemos transpor essa compaixão e essa solicitude à escala planetária. Estou consciente de que as gerações que nos precederam se confrontaram com a mesma tarefa, mas hoje o caminho que deveríamos seguir, agrade-nos ele ou não, terá de começar pela casa e pela cidade de cada um de nós, agora mesmo.

Não consigo pensar noutra coisa mais importante do que esta. É por ela que temos de começar.»

Zygmunt Bauman
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Fonte: Zygmunt Bauman, Confiança e Medo na Cidade, Relógio D'Água, 2005, pp.86-87. 

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