
Hoje, volvidos cerca de 500 anos,
ironia da História, são os negros que partem, expelidos pelo continente
infernal, enfrentando todos os perigos da travessia dos desertos africanos e do
Mar Mediterrâneo, também em condições desumanas, colocando em risco a própria
vida e entregam-se nos braços do Ocidente, de livre vontade, prontos a abraçar
qualquer trabalho mal pago, qualquer trabalho escravo, qualquer trabalho nas
quintas da Europa, algumas exploradas por gente mafiosa e sem escrúpulos, quase
como noutros tempos.
***
Fogem de outras guerras. O
inferno é algures em África e o Diabo só pode morar ali. Só assim se explica a
debandada dos africanos. Não são escravos, dirão, são homens. Contudo, o que
dizer sobre o que se passa na Líbia em relação aos que chegam das terras a sul
do Sara?
Vede Aqui!
Se não é escravatura, então o que
é?
***
Referência:
Crowley, Roger; Conquistadores,
Como Portugal Criou o Primeiro Império Global, Editorial Presença, 2016,
pág. 318.
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