Las grandes naciones no se han hecho desde dentro, sino desde fuera:
sólo una acertada política internacional, política de magnas empresas, hace posible
una fecunda política interior, qui es siempre, a la postre, política de poco
calado.
Ortega y Gasset, España Invertebrada, 1921, pág. 40
En 1900 se empieza a oír el rumor de regionalismos, nacionalismos,
separatismos…Es el triste espectáculo de um larguíssimo multissecular otoño,
laborado periódicamente por ráfagas adversas que arrancan del inválido ramage
enjambres de hojas caducas.
El processo incorporativo consistia en una faena de totalización: grupos sociales que eran todos aparte
quedaban integrados como parte de un todo. La desintegración es el suceso inverso:
las partes del todo comienzan a vivir como todos aparte. A este fenómeno de la
vida histórica llamo particularismo y
si alguien me perguntase cual es el carácter más profundo y más grave de la
actualidad española, yo contestaría con esa palabra.
Ortega y Gasset, España Invertebrada, 1921, pág. 47
La esencia del particularismo es
que cada grupo deja de sentirse a sí mesmo como parte, y en consequencia deja
de compartir los sentimentos de los demás. No le importa las esperanzas o necesidades
de los otros y no se solidarizará con ellos para auxiliarlos en su afán.
Ortega y Gasset, España Invertebrada, 1921, pág. 48
El propósito de este ensayo es corrigir
la desviación en la puntería del pensamiento político al uso, que busca el mal
radical del catalanismo y bizcaitarrismo en Cataluña y em Vizcaya, cuando no es
allí donde se encuentra. ¿Dónde, pues?
Para mim esto no ofrece duda: cuando
una sociedad se consume víctima del particularismo, puede siempre afirmarse que
el primero en mostrarse particularista fue precisamente el Poder central. Y
esto es lo que ha pasado en España.
Ortega y Gasset, España Invertebrada, 1921, pág. 49
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O ressurgir dos particularismos regionais prende-se com o primeiro de todos os particularismos, o do Poder central.
A este poder falta perícia para desencantar a magna empresa, ou se quisermos, o
grande desígnio mobilizador, necessário para que se mantenham unidos os povos das
espanhas. Mas hoje o quadro é diferente do de 1900. A Espanha, ou o conjunto
das espanhas, se quisermos, integra-se num projecto maior que se quer agregador
à escala internacional – o do aprofundamento da integração europeia no quadro da U.E.. O falhanço
do Poder central espanhol em demandar uma empresa agregadora prende-se também
com o falhanço da União Europeia em afirmar-se como projecto agregador de
povos, regiões e países. A União Europeia, através dos seus órgãos, aliás,
sublinha mais ainda a sua fraqueza ao não assumir rapidamente uma posição
cristalina em relação à questão catalã ou a qualquer questão separatista que envolva
a desintegração de um dos seus Estados-membros. Se a Catalunha repudia a
Espanha, então repudia a União Europeia – esta deveria ser a posição da União
Europeia. Se a Catalunha sai de Espanha, então sai da União Europeia, e, se quiser
pertencer à União Europeia, então só deveria integrar-se nela com a anuência
unânime dos seus Estados-membros, incluindo a Espanha - esta deveria
ser a posição da União Europeia, que assim se afirmaria enquanto projecto
agregador de povos e não, enquanto projecto desagregador dos seus Estados-membros.
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Referência:
José Ortega Y Gasset, España invertebrada; La deshumanización del arte (Colección Grandes Pensadores Españoles), Editorial Planeta Agostini, 2010.