sábado, novembro 25, 2017

Um poema de Alberto Pereira



Flores de ponta e mola.
Beijos calibre 6,35.
Foi assim que encostaste
o aço ao meu nome.

Guardo ainda num revólver
algumas árvores e pássaros,
o arrependimento de Raskólnikov
e as sinfonias de Stravinsky.

É já tempo de matar a eternidade.

Tenho a mais bela pólvora do mundo.


(Poema de Alberto Pereira, Viagem à Demência dos Pássaros, Glaciar, 2017)

***

Abri o livro e deparei com este poema. Fechei o livro e o poema perseguia-me na contracapa.

Bela pólvora a de Alberto Pereira: árvores, pássaros, o arrependimento de Raskólnikov e as sinfonias de Stravinsky. A mais bela pólvora do mundo.

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