sexta-feira, agosto 07, 2020

Animais errantes?! Qual quê: animais abandonados.

“Animais errantes”, ouvimos com surpresa e desagrado, na rádio, nas palavras de um representante dos veterinários. Que é feito então dos animais abandonados? Não existem? Ninguém os abandona agora?

 

É muito conveniente para os lobbies da veterinária, das lojas de animais, dos produtores rações para animais domésticos, entre outros, a utilização do termo “errante”. Chamar a um animal abandonado animal errante não onera ninguém, não pesa na consciência de ninguém, nem soará mal aos ouvidos dos que abandonam os animais, esses “amigos” dos animais, potenciais clientes dos ditos lobbies. Não causa danos morais quando devia causar, nem pesos na consciência quando devia pesar.

 

Nem todos os animais que erram por aí são abandonados, é certo. O que significa “errar” nesta acepção da palavra, senão vaguear, perder-se. Mas grande parte dos animais domésticos “errantes” não se perdeu. Grande parte desses animais, se não a maioria, foi deixada ao abandono: são animais abandonados e é preciso lembrá-lo, com todas as letras.

 

É que o termo “abandonado”, implica sempre um abandonante, ao contrário do termo “errante”. Pesará por isso, quando o escutam, na consciência de alguns “amigos” dos animais que os abandonaram, esses potenciais clientes da veterinária e de outros lobbies – é toda uma indústria - que vivem da proliferação de animais domésticos, em especial, de cães e gatos. É preciso trazer à memória desses abandonantes o animal que abandonaram, porque há uma implicação moral no abandono. E é preciso que as suas consciências pesem, se é que as têm.

 

Quem compra um animal fica com um dever moral e com uma responsabilidade que não deve depois alijar. Em certa medida passa a ter deveres para com o animal e perde alguma liberdade por isso. O homem tem de passear o animal, se for um cão encerrado num apartamento, faça chuva ou faça sol, frio ou calor, de forma a garantir as suas necessidades. Em certa medida o homem acaba por tornar-se um escravo do animal. Se não quer passar por isso, se quer realmente ser amigo dos animais, mas não tem a certeza de que consegue garantir todas as condições necessárias ao seu bem-estar, nem está predisposto a ceder na sua liberdade, então não os compre.

 

Epílogo: muitos dos animais encontrados ao abandono, nas ruas ou em canis ilegais, pelos amigos dos animais, foram em tempos comprados e acarinhados pelos “amigos” dos animais, por mero capricho ou consumismo. Compraram-nos como quem compra um frigorífico ou um candeeiro. Até ao dia em que o animal envelhece (na verdade nem chega a tanto) faz barulho ou cheira mal, ou incomoda por que se quer ir de férias livremente. O animal é então abandonado.

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