«Obedientes e sem mais delongas, num mergulho de alcatrazes, atirámo-nos então daquela rocha branca ao abismo azul. E descobrimo-nos. Encontrámo-nos universais em toda a parte do globo, mas, sobretudo, dentro da nossa própria perplexidade. (…)
E a História celebra com justiça os melhores dessa superação
mental. Chamam-se Pedro Nunes, Duarte Pacheco Pereira, D. João de Castro,
Garcia da Orta, João de Barros, Diogo de Couto, Pêro Vaz de Caminha, Fernão
Mendes Pinto, Luís de Camões. Sem falar doutros menos dotados que, modestamente,
se desmediram. (…)
Enquanto os vizinhos da Europa, sem descanso, continuaram a
ser pioneiros nas empresas que a vida lhes confiava, nós, enxutos da grande
maratona oceânica, ficámos em cima da penedia a ver passar ao longe, a fumegar,
as embarcações alheias, e a cantar, ao som de uma guitarra, loas à fatalidade.»
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