quarta-feira, agosto 25, 2021

O passado não fica lá atrás

 

Jorge Luís Borges, Outras Inquirições, Quetzal, 2020.

⭐⭐⭐⭐

O passado é indestrutível; mais tarde ou mais cedo tornam todas as coisas, e uma das coisas que tornam é o projeto de abolir o passado.

Jorge Luís Borges, Op. cit, pág. 91

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Quando o passado não nos serve tendemos a querer vê-lo destruído. Destruímos então todas as imagens e memórias, as estátuas e os bustos esculpidos dos nossos antecessores.


O projecto de abolir o passado é um projecto que perdura.

Existem muitas formas de erguer muros e muitos tipos de muros. 
Os poderosos, além de erguerem muros contra o espaço, erguem muros contra o tempo para que o passado não nos assalte a memória. Vêem no passado uma potencial ameaça às fundações que sustentam o seu poder.

Mas também há quem encontre no passado um sustentáculo ao seu poder. Um suporte para o futuro. Anões empoleirados nos ombros de gigantes. Heróis do mar. Há um passado que serve e um passado que não serve. Um passado a preservar e um passado a destruir.

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