Jorge Luís Borges, Outras Inquirições, Quetzal, 2020.
⭐⭐⭐⭐
O passado é indestrutível; mais tarde ou mais cedo tornam
todas as coisas, e uma das coisas que tornam é o projeto de abolir o passado.
Jorge Luís Borges, Op.
cit, pág. 91
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Quando o passado não nos serve tendemos a querer vê-lo destruído.
Destruímos então todas as imagens e memórias, as estátuas e os bustos esculpidos
dos nossos antecessores.
O projecto de abolir o passado é um projecto que perdura. |
Os poderosos, além de erguerem muros contra o espaço, erguem muros contra
o tempo para que o passado não nos assalte a memória. Vêem no passado uma potencial
ameaça às fundações que sustentam o seu poder.
Mas também há quem encontre no passado um sustentáculo ao seu poder. Um suporte para o futuro. Anões empoleirados nos ombros de gigantes. Heróis do mar. Há um passado que serve e um passado que não serve. Um passado a preservar e um passado a destruir.
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