Tim Marshall, O Poder da Geografia, Desassossego/Saída
de Emergência, 2021
A “aniquilação do espaço pelo tempo”, expressão de Marx (1818-1883) ao
constatar que o tempo de viagem entre localidades diminuía progressivamente por
causa das novas tecnologias dos transportes e das telecomunicações, não significou
de forma nenhuma que o espaço deixou de importar. Na verdade, nem o espaço, nem
a geografia, foram aniquilados e pesam ainda hoje no tabuleiro geopolítico do
mundo, se bem que, cada vez mais, o espaço sideral ganhe uma relevância
crescente no jogo. Quem dominar o espaço cósmico dominará a geopolítica,
dominará a Terra. É, portanto, para aí que se projecta a mais cerrada
competição entre as potências mundiais. A ameaça pode vir agora de cima, bem
acima das nossas cabeças. Parece que uma arma disparada lá do alto encontra
mais facilmente o seu alvo cá em baixo.
Assim, Tim Marshall, que acaba no Prisioneiros da Geografia
com um capítulo dedicado às disputas pelo Árctico, neste Poder da Geografia, termina com um capítulo sobre as
disputas pelo domínio do espaço cósmico, não deixando, nesta obra, de abordar outros palcos com relevância geopolítica à superfície do planeta, como por exemplo, a Austrália, a
Etiópia, a Grécia, a Turquia, o Sahel, entre outros. Esta obra continua, de certa forma, os Prisioneiros da Geografia.
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Da obra lida:
«A nível regional, as potências europeias, mormente Espanha, Itália e França, sabem todas que as suas políticas internas serão afetadas pelo que acontecer no Sael. Nos anos pós 2015, quando chegou um milhão de refugiados e migrantes, assistiu-se a um aumento na polarização política e no ganho de terreno dos partidos extremistas.»
Tim Marshall, O Poder da Geografia, 2021, p. 212.
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À superfície da Terra, o presente e o futuro apontam já para a construção de muros, obstáculos às migrações humanas. A Era dos Muros e do arame farpado começou. A Era dos Muros, de Tim Marshall, aguarda leitura.
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