Os povos que habitam os países
frios, especialmente os da Europa, são pessoas de coração, mas têm pouca
inteligência e poucos talentos. Mantêm-se melhor em liberdade, pouco
civilizados, de resto, e incapazes de governar os seus vizinhos.
Os Asiáticos são mais inteligentes e mais dados às artes, mas nada corajosos, por isso mesmo quase todos sujeitos e sempre sob o poder de algum senhor.
Aristóteles
Tratado da
Política, 2ª ed., Edições Europa-América, 2000, pág. 109-110.
Hoje, sorrimos ao lermos estas
considerações de Aristóteles, mas há tendências longas, que parecem impossíveis
de contrariar no espaço de um só século, e por muita agitação que ocorra, no
fim, os povos retornam sempre à linha que percorrem desde tempos imemoriais. Muitos são os povos da
Ásia que voltaram a acoitar-se à sombra do “poder de algum senhor”, sujeitando-se a um imperador, déspota ou ditador. São povos incapazes de tomar o destino nas suas
próprias mãos e de se revoltar. Em vez disso, fogem se a situação política se
tornar adversa. Tivemos, pois, debandadas em vez de revoltas, na Rússia, quando
o imperador Putin, o mafioso, decidiu mobilizar os seus concidadãos para uma guerra
numa terra estranha. Em relação a muitos povos da Ásia, passados todos estes anos
de experiências políticas ao longo do século XX, o que vemos? O regresso do
imperador Xi, do imperador Putin, do imperador Kim, do sultão Erdogan, já não
falando dos déspotas e reis que ainda ocupam o poder nos países do Médio
Oriente e do Golfo Pérsico, em conformidade com uma linha que remonta
à origem dos tempos.
No Ocidente as coisas não se passaram assim.
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