Pierre-Auguste Renoir (1841-1919)
Há quem viva sem dar por nada, há quem morra sem tal saber. (José Afonso)
George Steiner ergue também a sua voz contra a rejeição da memória no sistema escolar. A memória é basilar relativamente aos processos de aquisição de conhecimento, suportando-os ou operando transversalmente aos mesmos: não existe conhecimento, compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação (os níveis cognitivos da taxonomia de Bloom), sem que a memória esteja presente em todos estes processos.
Surpreendem-se porque os jovens desconhecem o passado, em particular o que nos é mais próximo?! A falência da memória é um dos problemas mais diagnosticados nos sistemas educativos dos países ocidentais. Não é um problema da História, mas da desvalorização da memória e da memorização enquanto processo de ensino e de aprendizagem. Não existe educação sem memória. A História, a Geografia e outras ciências sociais fundamentais na formação do Homem, têm sido progressivamente remetidas para as margens dos currículos, cada vez mais preenchidos por “tralha pedagógica”, como as áreas curriculares não disciplinares. O jovem estudante superprotegido, super mimado nas sociedades ocidentais (talvez porque a população esteja a envelhecer e os jovens escasseiem, quem sabe), tem de ser acompanhado no seu estudo, qual aleijado mental, através de um Estudo Acompanhado. Antes vigorava o estudo desacompanhado. O jovem tinha de aprender por si próprio a ser autónomo, responsável e disciplinado nos seus hábitos, facto que não obscurecia necessariamente a sua salutar irreverência.
A história e a cultura dos Estados Unidos estão a ser usadas para criar tipos ideais que apontam o futuro às gentes de todo o mundo no que respeita a «raça» e a racismo. Os modelos derivados do caso norte-americano são propostos como portadores de um equilíbrio desejável entre diferentes versões étnicas, cívicas e separáveis como unidades discretas do nacionalismo. As tecnologias raciais dos Estados Unidos – a sua política identitária, a acção afirmativa e o profiling – são exportadas como solução pronta a usar para os problemas gerados pelo racismo.