Quem por aqui se passear, entre a Foz e o Álamo, sentirá a sua presença.
Ele aqui permanece, numa indolência sem fim.
Retirado de todos os lugares, mas não deste.
Já prepara agora, a sua cama...
Repousará,
à sombra das figueiras de largas folhas,
Entre os renques das videiras,
E em todas as vinhas.
Repousará,
À sombra das oliveiras divinas.
Repousará,
Junto ao grande rio do Sul,
de águas calmas e aconchegantes,
(sempre frescas, mas nunca frias).
Repousará,
Junto das alfarrobeiras, dos gatos e dos homens,
(que com gestos antigos acarinham a terra).
Já próximo do mar infinito,
Repousará.
E em Junho, por fim,
Quando soar o solstício,
Sairá,
Mas sem nunca abandonar este lugar.
Os que aqui residem,
Entre a Foz e o Álamo,
Têm no calor da sua presença,
A permanente alegria da sua vida.
Discover Florin Paul;Emil Klein!
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A liberdade e a igualdade, em certa medida, encontram-se em pólos opostos. Ou dito de outra forma: não cabem no mesmo saco. A Revolução Francesa, ao querer juntá-las, arranjou-nos um bom sarilho. Sistemas económicos e políticos que promovem a igualdade ou a liberdade individual estão longe de serem socialmente justos. É preciso pois encontrar um sistema que promova a justiça social, algures entre a liberdade e a igualdade.
Todos nós amamos a liberdade. Amamo-la tanto que daríamos a vida por ela. Colocamos a liberdade acima da nossa própria vida. “Antes morrer de pé que viver de joelhos” dizem as paredes revolucionárias. Contudo, há que questionar a liberdade, tal como a questionou Polanyi nos anos 40. Por uma razão muito simples: o neoliberalismo, fomentador da injustiça social, escuda-se na liberdade sempre que se vê acossado pelos que o contestam.
“Embora não pareça, o homem, naquilo que tem de criador, não provém do passado e sim do futuro. Provém do futuro, provém da sua expectativa, e dirige-se dele ao presente, isto é, rumo ao presente a partir da convocação que lhe fazem os seus projectos.”
O melhor negócio do mundo é o que nunca vai à falência. De acordo com o economista Silva Lopes e com o analista e especulador financeiro George Soros - quando se pronunciaram acerca da actual crise financeira mundial - os grandes bancos não podem falir e o Estado tudo deve fazer para impedir a sua queda, nem que seja à custa dos contribuintes. É este o neoliberalismo em que vivemos mergulhados. Quando a coisa dá para o torto, que sejam os contribuintes a pagar as aventuras especulativas dos bancos na economia de casino que vai alastrando pelo globo. É este o sistema económico que alimenta a injustiça social através da transferência de recursos dos contribuintes para os especuladores. É assim que o Estado joga o jogo dos neoliberais. É assim que enriquecem homens como George Soros ou Joe Berardo, ainda que acenem com a bandeira da liberdade (cada vez mais utilizada como uma cenoura) ou pisquem o olho à populaça. É assim que a democracia se transforma em cleptocracia.