domingo, setembro 20, 2009

Crónica de uma derrota anunciada


Não é preciso ser muito inteligente para adivinhar a derrota de Manuela Ferreira Leite (MFL) nas próximas eleições. A senhora perde em quase todas as frentes quando comparada ao seu adversário. É que o PSD descuidou o marketing. Sabemos hoje que se vendem políticas (e políticos) como se vendem sabonetes (que o digam Berlusconi, com o seu botox, Obama e Blair, com a sua juventude e sorrisos pepsodent).
O PSD descuidou a imagem e a mensagem (e o media é a mensagem).
 
Vejamos a imagem:


  • MFL é idosa, respeitável é verdade, mas conservadora, quase reaccionária; Sócrates é mais jovem e progressista, faz jogging entre o povo (quando não é o povo - professores, enfermeiros, polícias, agricultores, etc. - a correr atrás dele).
  • MFL é mulher e Sócrates é homem (este é um argumento perverso e machista, mas sejamos realistas: quantas primeiros-ministros teve Portugal?)
  • MFL sorri menos vezes que Sócrates (este parece ter melhor dentadura e mostra-a mais vezes).

E na mensagem, atendendo também à sua forma:


  • MFL diz que é necessário travar, Sócrates diz para se avançar (é certo que pode ser para o abismo, mas não deixa de ser para avançar).
  • MFL apresenta uma mensagem negativa e imobilista (não façamos, que estamos em crise); Sócrates positiva e construtiva (avancemos que a crise há-de passar).
  • MFL põe em causa a capacidade dos portugueses para ultrapassarem desafios (como o TGV e o pagamento da dívida); Sócrates parece confiar na capacidade dos portugueses para fazerem face a tais desafios (TGV entre outros).

A mensagem de MFL incute medo (tenham medo, muito medo se eles ganharem; lança suspeições, lembra-nos as asfixias democráticas, represálias, escutas telefónicas, um Estado persecutório); Sócrates em certa medida também (os socialistas falam do tempo da “outra senhora”, da ameaça que representa MFL para o sistema de nacional de saúde e da sua ânsia privatizadora, da asfixia social, entre outros assuntos). Sócrates apresenta-se menos desconfiado (a não ser em relação às perguntas e observações da jornalista Judite de Sousa).

Os partidários de MFL, como Marcelo Rebelo de Sousa, apelam ao voto negativo - dizem que a única forma de derrotar Sócrates é votar em MFL (como se os portugueses só votassem para derrotar alguém e não votassem em propostas e em políticas). O voto em Sócrates, nesse sentido, não é um voto negativo, na medida em que não pode propor que votem no seu partido como única forma de o derrubarem.

Por tudo isto e muito mais, para mal dos nossos pecados, adivinha-se que vamos ter mais Sócrates, sem maioria absoluta (e ainda bem), mas possivelmente coligado com outros partidos, ou com acordos e cedências pós-eleitorais, mas isso já é outra questão.

Family Frost nightmare

Na mais recôndita aldeia da serra algarvia, soa a horripilante melodia, bem estridente, para o terror dos apaniguados da sesta e dos sonolentos bebés: Family Frost nigthmare. Omnipresente, persegue-nos aos confins do mundo com a sua lancinante gaita.

Às vezes gostaria de ter um bacamarte para poder disparar à passagem do sonoro realejo.

E não sou só eu que me queixo.

sábado, setembro 19, 2009

Barroso e a regulação esperta

Este homem será o futuro presidente de Portugal! Astuto, esperto, conquistou a Europa, depois de Bush, Aznar e Blair terem sucumbido. Ele vive e facilmente conquistará Portugal (se é que já não conquistou). Será presidente. É uma questão de tempo. Após Cavaco (ou Alegre), virá Barroso.

A forma como se refere à regulação (sempre com pinças), é coisa que só poderia vir de alguém do país do chico-espertismo. Smart regulation, diz ele. Pois. Porque regulação, tout court, assustaria neoliberais e lá se iam uns votinhos.

A regulação está presente no seu discurso, mas não é uma regulação qualquer. É a smart regulation.

A Luta


“A luta nunca será inglória, seja qual for o desfecho!”


António Feio, actor, doente com um cancro no pâncreas.

Força António, queremo-lo connosco. Ainda é cedo para partir!

quarta-feira, setembro 16, 2009

Aproxima-se a hora dos mares revoltos


Caspar Friedrich, Vista de um Porto, 1815-1816


Aproxima-se a hora dos mares revoltos.

A hora de trocar o navio pelo arado.
Os dias mudam, mas os gestos repetem-se.
São os trabalhos e os dias
Que duram há uma eternidade.
Outro dia voltaremos a trocar os arados pelas naus,
E assim sucessivamente,
Num ciclo interminável que se renova
Desde o princípio dos séculos.
São os trabalhos e os dias
Que duram há uma eternidade.
(Hoje o vento dançou mais uma vez,
Com as folhas no meu quintal)

quarta-feira, setembro 09, 2009

Onde é que eu já ouvi isto?

Retirado daqui.

Rato Gigante

Uma equipa de filmagem da BBC está a fazer grandes descobertas na caldeira de um vulcão perdido da Papua-Nova Guiné, num lugar onde o Homem jamais pôs os pés. Consta que nem as tribos autóctones ousavam aventurar-se naquelas terras. E pela reacção dos bichos encontrados parece que é verdade: os seres humanos são-lhes completamente estranhos. Fica o filme do rato gigante, com mais de meio metro de comprimento (julgo que já tinha sido antes descoberto nas selvas da Indonésia em 2007, como se noticia aqui). Até agora ainda não se encontrou naquela área um bichano de dimensões proporcionais, mas ao ritmo das descobertas que estão a ser feitas, tudo é possível.

Para mais informações, clique aqui.

sexta-feira, setembro 04, 2009

Franklin Delano Roosevelt (1882-1945)

Franklin Delano Roosevelt (1882-1945)

quinta-feira, setembro 03, 2009

Virtudes e limitações da crítica marxista


As políticas modernistas da Esquerda tradicional constroem-se sobre a presunção de continuidades históricas, essencialmente a persistência de relações de exploração na produção capitalista e do potencial revolucionário da classe trabalhadora. Estas condições continuam a ser, em parte no presente, iguais ao que eram no passado. Mas esta revelação ou desmistificação diz-nos pouco mais de que o capitalismo todavia existe. Ainda que a crítica marxista mantenha uma intuição relevante no momento de ajudar-nos a compreender que hoje há mais do mesmo em relação ao passado, proporciona-nos muito menos profundidade no momento de ajudar-nos a entender – e a responder de uma forma efectiva – ao que hoje há de novo e diferente.

Edward Soja (2000). Postmetrópolis - Estúdios críticos sobre las ciudades y las regiones. Traficantes de Sueños. 2008. Pág. 483.

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