terça-feira, outubro 06, 2009

Ozymândias



Nemrut Dagi, sudeste da Turquia

Ozimândias

«Encontrei um viajante de uma terra antiga,
Que disse: “Duas vastas pernas de pedra sem tronco
Erguem-se no deserto. Perto delas, na areia
Meio enterrado, jaz um rosto despedaçado, cujo olhar severo
Revela na expressão escarninha de frio comando,
Que o escultor bem sabia ler essas paixões
Que ainda sobrevivem, estampadas nestas coisas sem vida,
A mão que as arremedava e o coração que as alimentava.
E sobre o pedestal, podem ler-se estas palavras:
“O meu nome é Ozimândias, Rei dos Reis:
Olhai as minhas obras, ó Poderosos, e desesperai!”
Nada mais resta ali. Em redor da ruína
Daquele colossal destroço, ilimitadas e nuas
As solitárias e suaves areias estendem-se na distância.»

Percy Bysseh Shelley (1792-1892)


E ainda há quem clame por reis e pela glória perdida,
- A vã glória de mandar - quando o destino dos reis é o do homem mais comum, e na sua vida
Ordenam obras destinadas às areias dos desertos e impérios de vento.
E os ossos apodrecidos dos homens que os serviram
Jazem no fundo dos oceanos, tendo os navios como sarcófago
E o mar como sepultura.

sábado, outubro 03, 2009

Humanismo grego


Muitos prodígios há; porém nenhum
maior do que o homem.
Esse, co’o sopro invernoso do Noto,
passando entre as vagas
fundas como abismos,
o cinzento mar ultrapassou. E a terra
mortal, dos deuses sublime,
trabalha-a sem fim,
volvendo o arado, ano após ano,
com a raça dos cavalos laborando.

Sofócles, Séc. V a. C.

quarta-feira, setembro 30, 2009

Os pigmeus Mbuti e o saque do mundo


Raparigas, cobertas de barro, preparadas para a cerimónia de circuncisão dos rapazes.

Os Mbuti são uma tribo ancestral de caçadores recolectores em pleno século XXI. O seu habitat - as florestas da República Democrática do Congo - encontra-se cada vez mais ameaçado pela desflorestação.

Se a maior parte de nós deixou, há milhares de anos, de ser caçador-recolector, os poucos que restam nos seus secretos redutos, serão forçados a deixar de sê-lo, este século. É o resultado da transformação da floresta equatorial em capital por empresários do ramo madeireiro e por governantes corruptos.

A África continua a saque, já não por colonos e exploradores ávidos de marfim, ouro e escravos, mas pelas elites dirigentes aliadas às multinacionais, ávidas de lucro e recursos naturais.

É assim que a globalização vai alimentando, desde o século XV, o saque do mundo.

terça-feira, setembro 29, 2009

E agora, algo verdadeiramente mais interessante...

Reunião de Grous nos arredores de Berlim

segunda-feira, setembro 28, 2009

Vitória de Pirro

Terminadas as legislativas eis que ganha o PS, como se estava à espera, contudo, foi uma vitória de Pirro. Uma vitória em perda. Uma vitória, paradoxalmente, com o amargo trago da derrota.

O PS ganhou, mas foi o único que perdeu: perdeu em relação às últimas legislativas, de forma absoluta e relativa; perdeu em número de deputados, quando, todos os outros partidos ganharam, em números absolutos e relativos.

A maioria dos eleitores portugueses absteve-se ou votou no conjunto dos partidos da oposição. Por outras palavras, a maioria do PS é relativa. É portanto errado dizer que o povo português escolheu o PS. Menos de metade dos eleitores escolheu o PS, e menos ainda se considerarmos todo o povo português.

Quem não vota consente, porque cala a sua voz democrática, e assim, quem não votou, consentiu e não deve agora vir queixar-se do resultado.

O chavão é agora o da "responsabilidade" (palavra muito repetida por Augusto Santos Silva), assim como a de "governação de geometria variável". Mas a responsabilidade está em primeiro lugar do lado do PS, que tem de criar condições, neste contexto, para a governabilidade do país, em vez de procurar, como desculpa para o novo desgoverno, a irresponsabilidade dos seus adversários políticos.

domingo, setembro 27, 2009


EU VOTO!

Etiquetas