sábado, julho 17, 2010

Negócios, negócios, amigos à parte

Diz-se muitas vezes “amigos, amigos, negócios à parte”, quando na realidade se quer dizer, “negócios, negócios, amigos à parte”. É que “nos negócios não existem nem amigos, nem vizinhos (embora o «sentido dos negócios» possa levar a que se declare o contrário)” (Bauman, 1995, pág. 266).

Esta é a “ética dos negócios”, que de ética nada tem.


Zygmunt Bauman (1995). A Vida Fragmentada, Ensaios sobre a Moral Pós-Moderna. Relógio de Água, 2007.

Há dias em que um lagarto não pode sair à rua

Prova de lançamento do lagarto?

sexta-feira, julho 16, 2010

O polvo do oráculo

Polvo Paul, a rir-se.

Ainda estamos a digerir o facto de nuestros hermanos terem ganho o campeonato mundial. Como foi possível? Como conseguiram, se os deuses estavam com Sneijder e com os holandeses?

A resposta está com o polvo Paul. Ele é o dono do oráculo pós-moderno que todos escutam. Ele é o apontador do destino, esse destino que nem os deuses são capazes de iludir.

E assim, mais uma vez, contra os deuses venceu o destino. E venceu o polvo Paul.

quinta-feira, julho 15, 2010

Factos - O Estado da Nação

  • Portugal é o país com as maiores desigualdades sociais da U.E. (medidas pelo índice de Gini). (*)

  • O crescimento médio anual do Índice de Desenvolvimento Humano de Portugal, entre 2000-2007, foi inferior ao dos 12 países que mais recentemente entraram na U.E., foi inferior ao da Espanha e foi o 5º mais reduzido da U.E. (**)

  • A taxa de desemprego de Portugal é a 5ª mais elevada da U.E. (***)

Estes são os factos que o primeiro-ministro não referiu, entre outros, no debate sobre o Estado da Nação.

Regozijou-se pela redução em poucas décimas das desigualdades sociais, mas, por ser tão ínfima, não tem qualquer significado nem retira o nosso país “socialista” e "social democrata”, se atendermos aos partidos que nos têm governado desde o 25 de Abril, do lugar cimeiro que ocupa no vergonhoso ranking das desigualdades sociais.

O nosso artificioso primeiro-ministro, mais uma vez, enfatiza o que é insignificante e desvaloriza o que é significativo.

***

Nota: Estes são os dados mais recentes disponíveis e como é óbvio não podem reportar-se a 2010 na medida em que existe sempre um hiato entre o levantamento de dados no terreno, o seu tratamento, organização e publicação.


(*) – O.N.U. - Human Development Report 2009 [publicado em 2010], pág. 195-196.

(**) – O.N.U. - Human Development Report 2009 [publicado em 2010], pág. 167.

(***) - Eurostat - The Social Situation in the European Union, 2009, pág. 38.

terça-feira, julho 06, 2010

Ainda sobre bárbaros, fronteiras e impérios

A diferença entre o espaço controlado e o espaço incontrolado é a diferença entra a civilidade e a barbárie.»

(…)

«Em primeiro lugar, ao longo da história da modernidade, a fronteira entre a civilidade e a barbárie nunca coincidiu com as fronteiras do Estado-nação e, menos ainda, com a circunferência partilhada da “parte civilizada do mundo” no seu conjunto. Hiroshima varreu os bárbaros “lá fora”, mas Auschwitz e o Gulag, os bárbaros “cá dentro”. (…) Em nenhum momento da história moderna foi permitido aos bárbaros ficarem em paz “ficando à porta”: eram objecto de desprezo, espiados e desenraizados de uma maneira razoavelmente caprichosa que não deixava de evocar o carácter caprichoso que lhes era, a eles, atribuído por definição.»

(…)

«Bem vistas as coisas, e talvez originariamente, houve sempre um selvagem aprisionado no íntimo de cada ser humano civilizado

(…)

«Em segundo lugar, também não é rigorosamente verdade que “a fronteira entre civilidade e violência já não pode ser encontrada no limite do espaço territorial soberano”. As guerras ortodoxas e passadas de moda “entre nós e eles” são travadas e continuarão a ser travadas durante algum tempo mais sob as bandeiras da santa cruzada da civilização contra a barbárie, da paz contra a violência.»

Zygmunt Bauman (1995). A Vida Fragmentada, Ensaios sobre a Moral Pós-Moderna. Relógio de Água, 2007. Páginas 150-153.

segunda-feira, julho 05, 2010

O ocupante

Um soldado americano descansa numa paisagem lunar, no Afeganistão, fronteira do Império.

Os ocupados

Ceifeiros no Afeganistão, onde os bárbaros são contidos, longe do centro do Império.
Mas quem são os bárbaros?

Imagem tirada daqui.

sábado, julho 03, 2010

Afinal, nem Messi, nem Ronaldo. Os deuses estão com Sneijder.

Reuter
Wesley Sneijder, será o jogador do ano.

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