quinta-feira, março 24, 2011

terça-feira, março 22, 2011

domingo, março 20, 2011

Outra Europa, outro mundo



E não pode mesmo. Doutra forma, esta Europa não valerá a pena. Mais valerá então sairmos dela, para regressarmos a esse mundo onde estivemos desde o século XV até 1986 e do qual saímos para "entrar" na Europa. E deveremos regressar pelo Atlântico, de preferência.

O Brasil, a Índia, a China, Angola e porque não, Timor, são logo ali ao dobrar do Oceano, para lá do horizonte. Estão mais próximos de nós do que parece. E amanhã a hora será deles, se não é já hoje. Afinal só iríamos reencontrar velhos amigos, companheiros de jornada de longa data.

Se os europeus, de além Pirinéus, persistirem na imposição dessa "banha da cobra" de uma Europa "bancoburocrática", então teremos de recusar. Será hora de zarpar. Sair da Europa tão depressa como nela entrámos. Por que não?

O assalto neoliberal

Começou o assalto. Alguns elementos dos partidos que ao longo da última década enterraram Portugal, já andam para aí a ponderar um “entendimento”*. Eles, que são o problema, querem agora apresentar-se como solução.

Mas a realidade é que o terreno foi adubado e preparado para a incursão neoliberal que se avizinha. Quem governa já o lavrou, empurrado pela União Europeia. Só falta o semeador, ou melhor, o privatizador.

Serão despedidos funcionários públicos e privatizados serviços do Estado, como as escolas e os hospitais, esses focos de despesa, essas ineficiências. No desespero, saqueia-se o Estado.

A maioria dos cidadãos, se quiser educar-se, tratar-se ou curar-se, terá de pagar às empresas fornecedoras de tais serviços. Os ricos ficarão mais ricos e os pobres mais pobres (processo que já teve o seu início). O Estado social recuará em toda a linha (aliás, esse recuo também já começou há algum tempo).

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(*) – Pires de Lima no congresso do CDS.

sexta-feira, março 11, 2011

Austeridade

Fim de festa?

Para todos os que agora jocosamente se regozijam com anúncios de fim de festa, reponho novamente este postal.


Pieter Bruegel "o Velho", A Dança do Casamento (c. 1566)

Até porque nunca devemos baixar os braços. Nem os braços, nem o resto.

quarta-feira, março 09, 2011

Lampedusa


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Adenda
Dirão: não é Lampedusa, é um barco cheio de imigrantes clandestinos. Lampedusa é uma pequena ilha no meio do mar Mediterrâneo.
Não, direi eu! Lampedusa é um barco cheio de imigrantes clandestinos (ou refugiados se quiserem), no meio do mar Mediterrâneo.
Esta fotografia é, toda ela, uma metáfora.

terça-feira, março 08, 2011

A “deolindalização” de uma geração ou Da dificuldade dos recém-licenciados em arranjarem emprego

Há uns anos atrás, o então Ministro da Educação, David Justino, avisou que as portas do Ensino iriam fechar-se. Avisou que haviam demasiados professores e que era preciso reduzir o número de entradas nessa profissão. Posteriormente, Sócrates prossegue nessa via, tentando limitar ao máximo o acesso à profissão por novos candidatos, chegando a introduzir mecanismos de barragem à entrada da carreira de professor, como a prestação de provas escritas selectivas, e desincentivos, como a retirada da remuneração aos grupos de estágio profissionalizante nas escolas. Simultaneamente, promovia-se a política baseada no princípio de “por cada duas saídas da função pública, apenas uma entrada”. Os sinais estavam portanto aí para quem os quisesse ver.

O Ensino nas escolas básicas e secundárias deixou de funcionar como válvula de escape para as “fornadas” de licenciados que todos os anos saíam das universidades e politécnicos. Simultaneamente, o Tratado Bolonha reduziu o período de formação de licenciados de 4 anos para 3, ou seja, num curto período o número habitual de licenciados à saída das universidades aumentou consideravelmente, quando se reduziam as oportunidades de trabalho no sector Estado.

O resultado está à vista agora em 2011: a “deolindalização” de uma geração.

A crise pressentida há duas décadas atrás

David Harvey, um dos marxistas mais determinados e esclarecidos da nossa época, já em 1987 parecia adivinhar o que aí vinha:

There abundant cracks in the shaky edifice of modern capitalism, not a few of them generated by the stresses inherent in flexible accumulation. The world’s financial system – the central power in the present regime of accumulation – is in turmoil and weighed down with an excess of debt that puts such huge claims on future labour that is hard to see any way to work out of it except through massive defaults, rampant inflation, or repressive deflation.”

David Harvey (1987), ‘Flexible Accumulation through Urbanization: Reflections on “post-modernism” in the American City’, Antipode 24: 300-326.


Parece que Marx se enganou, mas não em tudo. Não se enganou, por exemplo, na questão das crises cíclicas do capitalismo e as suas consequências na economia das nações.

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