quarta-feira, agosto 24, 2011

Isso é que é a caridade

«Ter caridade para com uma pessoa não significa, como em geral pensam as pessoas, ajudá-la a viver com aquilo que nos sobra a nós. Caridade significa ver no outro a graça, charis, que está oculta pela sua miséria, pela sua falta de educação, pela sua deformidade física mesmo. O homem caridoso com o aleijado é aquele que vê nele a graça que podia tê-lo feito um magnífico atleta, se a sua sorte ou as suas condições de vida não o tivessem levado a ser apenas um fragmento de gente. E o homem que vê no miserável, no desgraçado que pede esmola ou naquele que leva uma vida miserável, a charis interior, a graça que com ele nasceu e que perdeu vivendo – isso é que é a caridade.»

Agostinho da Silva, Vida Conversável, Assírio e Alvim, 1994, pág. 33.

Há muita gente que se toma por caridosa, sem sequer saber o que a caridade é. O que fazem, na verdade, é assistencialismo.

Enfim, lemos Agostinho, mais uma vez, e aprendemos com ele.

sábado, agosto 20, 2011


domingo, agosto 14, 2011

Sinais preocupantes na Europa

Existem sinais preocupantes na Europa. Manifestações de intolerância, fundadas no medo. Esses sinais vão desde o encerramento de fronteiras na Dinamarca e temporariamente, no Sul da Itália, até à intolerância por parte de fanáticos religiosos islâmicos que habitam em França e que querem impor a sua lei à sociedade que os acolheu e que os tolerou. Agricultores franceses atacam camiões espanhóis carregados de produtos agrícolas e os espanhóis não querem ver desempregados romenos no seu território (romenos em Espanha, só com contrato de trabalho, estudantes ou turistas). E os exemplos poderiam prosseguir.

A intolerância que cresce é causada pelo medo. E de que têm medo os europeus? (E o que é um europeu? Mas essa é outra questão.) Como é referido nesta interessante reportagem no New Tork Times, os europeus, no caso, holandeses, temem o Islão, como se fosse uma religião monolítica; o terrorismo; a globalização; o desemprego; a crescente influência dos burocratas da União Europeia de Bruxelas; a austeridade; os perigos para euro devido à dívida grega, portuguesa, irlandesa, espanhola e agora italiana; e a criminalidade juvenil especialmente entre os jovens imigrantes.

É medo a mais e do medo nunca nasceu coisa boa.

Os acontecimentos deste Verão, na Noruega, no Reino Unido, na Itália e noutros lugares desta Europa terão repercussões. É uma questão de tempo e já se sente qualquer coisa no ar.

segunda-feira, agosto 08, 2011

Telavive

Telavive, Israel, Sábado, 6 de Agosto

Quantas praças mais, teremos de encher?
Quantas avenidas teremos de percorrer?
Quantas gargantas ainda, terão de gritar?

Quando é que irão perceber que um trabalhador é mais do que um mero factor de produção? Que é mais do que um elemento numa organização? Que é um homem, acima de tudo um homem?

Que economia é esta?

domingo, agosto 07, 2011

A língua

Aqui não se escreve de acordo com o novo acordo ortográfico. Aliás, vai demorar algum tempo até que nos habituemos a essa trampa. Deviam ter feito um referendo antes, pois a língua é património dos seus falantes e por isso devem ser eles a ter a última palavra. De qualquer forma, a ser alterada, não devia sê-lo por decreto, mas sim pela via democrática directa (que isto da democracia representativa, também já deu o que tinha a dar). Mas, diga-se de passagem: uns "iluminados" decidiram alterá-la e a maioria acatou sem tugir nem mugir. Coisa de bovinos.

Leituras do mundo

Tentamos observar o mundo de um lugar distanciado. Procuramos perceber o futuro pelos actuais sinais. Lemos os sinais, mas é difícil compreender o seu significado. Não sabemos se o momento actual corresponde à aproximação de um crepúsculo – o crepúsculo americano e de todo o Ocidente - ou apenas de uma tempestade que, por certo, passará.

Se for um crepúsculo, sabemos que lhe sucederá a noite e depois, a alvorada e um novo dia. Mas se for este o caso, outro sol raiará.

Etiquetas