«É apenas preciso mostrar-se um chicote a um cão para que
ele se doa.»
Alexandre Soljenitsin, Um Dia na Vida de Ivan Denisovich,
Publicações Europa-América, p. 72.
Soljenitsin sabia do que falava.
«Há uma coisa que intriga na
política deste governo: o facto de ir mais longe do que a troika nas medidas de austeridade e nada nos ser dito sobre os
objectivos futuros que a justifiquem. Voltar mais cedo aos mercados? Para quê?
Não para voltar ao statu quo ante,
o que seria absurdo, mas, como diz o primeiro-ministro, para “mudar Portugal”.
Mas como? Que novo Portugal se quer construir? Nada, absolutamente nada de
concreto nos é dito sobre essa ambição. E nada do que é feito nos desvela o
futuro.»
«É aqui que eu quero chegar. O que é importante é orientar a
atenção de um aluno para aquilo que, de início, excede a sua compreensão, mas
cuja estatura e fascínio irresistíveis o atraem. A simplificação, o
nivelamento, a redução da fasquia, que dominam agora toda a educação, salvo a
mais privilegiada, são criminosos. Descuram fatalmente capacidades que
permanecem ocultas. Os ataques ao chamado elitismo escamoteiam uma condescendência
vulgar para com todos aqueles que julgamos a
priori serem incapazes de fazer melhor. Tanto o pensamento (o conhecimento,
Wissenschaft, a imaginação a que se dá
forma) como o amor exigem demasiado de nós. Tornam-nos humildes. Mas a humilhação
e até o desespero face à dificuldade – depois de suarmos durante toda a noite,
a equação ainda por resolver, a frase grega por compreender – podem irradiar com
a luz do Sol.»