sábado, julho 05, 2014

A Fortuna protege os boches

Nem Neymar nem Thiago Silva, dois elementos fundamentais da equipa de futebol brasileira, vão defrontar os alemães nas meias-finais do Campeonato do Mundo de Futebol, na próxima terça-feira. O primeiro abandona o Mundial com uma vértebra fracturada, o segundo foi suspenso por acumulação de cartões amarelos.

É caso para dizer: a sorte protege os alemães.

Neymar contorcendo-se de dores após ter sido atropelado por um bruto  jogador chamado camião.

Sposalizio

Rafael, Sposalizio, 1504

Sposalizio (detalhe)

Rafael, Sposalizio (detalhe), 1504

sexta-feira, julho 04, 2014

O povo

«Olhando para trás, ao longo de oitocentos anos há aqui e ali um estadista íntegro, outro que é sábio e avisado, um jurista capaz e justo. Houve políticos de valor, homens de vistas largas e generosas. Alguns vice-reis voltaram da Índia mais pobres do que para lá tinham ido. Raras excepções. Mas nenhuns dos seus actos justificam a profusão de estátuas, nem as comemorações, nem os discursos bombásticos de ontem, de hoje ou amanhã. Nos oitocentos anos, mais que as virtudes isoladas ou as benfeitorias de um ou outro governante, avultam os crimes contra o povo

J. Rentes de Carvalho, Portugal, a Flor e a Foice, Quetzal, 2014, pág. 35. (o destaque é nosso)

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«O povo (conjunto organizado de cidadãos), que não se confunde com a multidão (conjunto caótico de indivíduos), é a instituição genética de toda a ordem política. É nele que se concentram as forças demiúrgicas da construção, reconstrução e reforma dos regimes políticos.» 

Viriato Soromenho-Marques, Portugal na Queda da Europa, Temas e Debates, 2014, pág. 283. (o destaque é nosso)


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Dois excelentes livros, o de Rentes, em leitura, e o de Viriato, já lido. Rentes, dispara em todas as direcções, excepto na direcção do povo (pelo menos até à página 54, onde vou). Não me divertia tanto desde a leitura do livro de Martin Page, A Primeira Aldeia Global

Viriato, clarifica no trecho seleccionado, a distinção entre povo e multidão. Dois conceitos muitas vezes confundidos.

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Aqui, ama-se o povo - o português em particular - mas evita-se a multidão.

domingo, maio 11, 2014

Onde está a coruja?

                                                                   Crédits photo: Graham McGeorges

A Leste nada de novo


O gigante russo agita-se de uma forma que não nos é estranha, europeus que somos, habituados a uma história convulsiva, habitantes de um mundo de memórias, muitas delas, senão a maior parte, repulsivas. A escalada para a guerra civil na Ucrânia e o actual comportamento da Rússia, só nos inflige estranheza, pela sensação de deja vu e de anacronismo. Já vimos, noutros tempos, estas paradas, estas fanfarras e anexações. As últimas foram no século XX, naquele tempo cinzento de todos os fascismos, que antecedeu o negrume da guerra. Seria inteligente, que os russos e os ucranianos percebessem que já nos encontramos no século XXI, na Europa, e deixassem definitivamente para trás essa fase mais negra da nossa história. Que entendessem que esta já não é, nem pode ser, a "velha Europa".

Que num rebate percebessem que estão errados, todos errados.

Ao vermos o que se está a passar a Leste, vêm-nos à memória o tempo mais negro da ascensão do fascismo.

Até parece que a linha do tempo não passou por ali.

Militantes pró-russos em Mariupol (Ucrânia), 9 de Maio.

sábado, maio 10, 2014

Ajustados!

Vitória. Foi-se a troika, vitória. Somos livres e soberanos outra vez. Hurra.

Ficou a dívida pública, colossal. Ficaram as sobretaxas nos vencimentos. Ficaram os impostos, enormemente aumentados, e as “poupanças” do Governo sempre a realizar, qual espada de Dâmocles insegura a pairar. Ficaram as obras por acabar, os estaleiros a enferrujar, as escolas por intervencionar, os desempregados por ocupar, os pobres por recuperar, os desgraçados por salvar. E a sábia juventude, desempregada, a emigrar.

E as auto-estradas, todas portajadas, vazias e arejadas…

Ah, país! Ah, que bela destruição criativa!

E tiveram todo o cuidado em tocar cirurgicamente nos impostos: desceram o IRC dos patrões, mas subiram o IVA, mais uma vez, e a TSU dos trabalhadores (disseram que não subiram, mas ameaçam voltar a subir, se o Tribunal Constitucional não colaborar, na traição à Constituição), concederam mil perdões fiscais a milionários magistrais e vistos dourados a ricos orientais.

Enfim, é demais!

Foi-se a troika, dizem, mas continuamos a ser "ajustados".

Foi-se a troika, mas a troika continua por cá.

sexta-feira, maio 09, 2014

Saganho-mouro

    Cistus salvifolius (Serra dos Candeeiros)                                         © AMCD

domingo, maio 04, 2014

Pela costa alentejana, em Abril

 
     © AMCD

Em Abril percorri contemplativo as veredas da costa alentejana, entre a praia do Malhão e o Portinho das Barcas, sempre a ver o mar nos confins do mundo.

Tranquilas cegonhas e pescadores avistavam-se do cimo das arribas, aninhados em farilhões e plataformas de abrasão.

A meio caminho, no Portinho das Barcas, amêijoas à Bulhão Pato numa esplanada vazia. Depois, o retorno à praia do Malhão, contornando a duna, e o rápido regresso ao mundo, ao nosso pequeno mundo, já pela noite dentro.

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