domingo, dezembro 13, 2015

Os ismos

«Nas ciências naturais o objectivo, é encontrar a verdade objectiva, e não espalhar visões do mundo subjectivas (ideologias), que são, na sua maioria, de natureza religiosa ou política. Por conseguinte, em ciência deveriam evitar-se, tanto como possível, termos findos no sufixo – ismo.»

Ulrich Kutschera, Biologia Evolutiva, Fundação Calouste Gulbenkian, 2013, pág. 127.
(a propósito do darwinismo)

Ideologias religiosas e políticas, essa trampa. Cristianismo, islamismo, fascismo, comunismo, capitalismo, cada qual com a sua verdade. Verdade contra verdade, visão contra visão, credo contra credo. Nada foi mais mortífero ao longo da história da Humanidade do que as ideologias. Unem, é certo, mas dividem também, e violentamente. Cada uma quer impor as suas visões do mundo às demais. Travam batalhas pelas consciências.

Pois o mundo seria provavelmente um lugar bem melhor se não existissem as ideologias.

sábado, dezembro 12, 2015

Títulos espertalhões

O Fim da História o Último Homem (1992), de Francis Fukuyama
O Choque de Civilizações (1996), de Samuel Huntington
O Mundo é Plano (2005), de Thomas Friedman

Os títulos podem chocar e causar perplexidade. Podem cativar a atenção, suscitar a interrogação e atrair o olhar. Os títulos podem desafiar-nos. O Fim da História?! Que ridículo, pensamos nós. Afinal como pode a História ter um fim, a não ser que o Homem acabe ou que deixe de haver amanhã. A Terra é Plana?! Que ridículo. Como se pode chegar a uma conclusão dessas, tantos anos após Pitágoras e Aristóteles (*)? O Choque de Civilizações?! Como pode isso estar a acontecer se as civilizações estão em paz? Que se saiba não há guerra entre hindus e chineses ou entre ocidentais e japoneses, só para dar dois exemplos.

Mas por fim lá acabamos por ser levados a dar uma vista de olhos às referidas obras, para descobrir aquilo que os títulos escondem. E assim se construíram bestsellers

Os autores e os editores perceberam que os títulos bombásticos ou interpeladores podem ser utilizados como uma estratégia de marketing eficaz, e a moda pegou. Inicialmente pegou, depois banalizou-se e toda a gente percebeu.
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(*) Thomas Friedman parece ter captado inteligentemente a sonoridade do título do livro do Fukuyama que interpelava as nossas certezas relativas ao tempo, e tratou de fazer o mesmo relativamente ao espaço. Se a História tem um fim, então por que não um título que desafie as nossas certeza acerca da esfericidade da Terra? Por que não o fim da Geografia?

terça-feira, dezembro 08, 2015

A Europa e os males do mundo

Pelos males do mundo já ouvi acusarem a Europa, ora por acção, ora por inacção.

Se age é porque age, se não age é porque não age.

É ridículo!

segunda-feira, dezembro 07, 2015

Outro menir



Mais alto do que as serras de Sintra e da Arrábida. Mais alto do que a serra do Caldeirão.

Cu-cu


Pois é. Aí está a extrema-direita a fazer a sua aparição no horizonte. Já se esperava.

Os principais responsáveis por esta situação são os partidos que governaram e ainda governam a França e as políticas que adoptaram para lidar com o inimigo dentro de portas. A responsabilidade é de François Hollande, um líder frouxo, uma caricatura, e também do seu partido. Quanto ao terrorismo, não o preveniu, tendo agido após os factos consumados e com os resultados que se conhecem. Há terroristas à solta,  a monte e aos montes.

Epílogo: a extrema-direita venceu a primeira volta das eleições regionais em França. E estamos só no princípio. Esta ainda é, e será sempre, a velha Europa.

segunda-feira, novembro 30, 2015

Da desconfiança, do excesso de zelo e do desmazelo

A confiança é boa. O controlo é melhor.
Ditado alemão e pelos vistos também suíço.

Dizem que é um ditado alemão. Ouvi-o pela primeira vez em solo suíço e segundo me informaram, como pude depois constatar, os helvéticos regem-se por ele. O dito remete para o totalitarismo em que toda a gente controla toda a gente e o vizinho denuncia o vizinho ao menor deslize, como por exemplo, o não cumprimento de uma simples regra comunal como a separação dos lixos e a sua colocação em contentores adequados e compartimentados, ou o disparo de um autoclismo fora de horas. Então “Aqui d’El Rei” que está ali um prevaricador. Impoluta Suíça! Imaculada!


O ditado bem podia ser “A confiança é boa, mas a desconfiança ainda é melhor”, que o seguro morreu de velho e não vá o Diabo tecê-las. A Suíça é o país dos relógios e das torres sineiras e não é por acaso. O tempo tinha de ser atestado pelo relógio na urbe suíça, logo que fosse possível construir relógios em torres altaneiras para que toda a gente pudesse ver. O sol até nos pode dizer que é meio-dia, mas pelo sim e pelo não, para o suíço, é melhor erguer o olhar para o alto, para a torre sineira.

Já nos países latinos, bem no sul mediterrânico da Europa, onde as gentes gostam de rir e de folgar, e acima de tudo neste Portugal, o ditado bem podia ser outro: “O controlo é bom, mas a confiança ainda é melhor.” Outras mentalidades.

sexta-feira, novembro 27, 2015

Chegado o novo governo e…

Já se perfilam as corporações: sindicalistas e patrões, taxistas e empresários (pequenos, médios e grandes), banqueiros e bancários, professores e enfermeiros, juízes e guardas prisionais, polícia de segurança pública e forças armadas, médicos e maquinistas, proprietários e senhorios e etc., etc. etc., e assim sucessivamente. Eis o país onde tudo falta e tudo se pede, cada um de acordo com os seus interesses, cada um sem olhar às possibilidades. O país onde todos ganham mal, desde o trolha ao presidente (o mesmo o disse). Ingovernáveis estes lusitanos, já diziam os romanos.

Que Costa não caia no erro de querer dar tudo a todos. Guterres nisso deu-se mal. Tanto ouviu que partiu, para escapar ao pântano lodoso da governação em que se meteu.

Mas Costa abre já com um ar de festa: cria mais ministérios e secretarias de estado, que há muita gente a sentar. Bem podia ser como a Holanda, como insinua aqui o Rentes. Sempre seria mais comedido e precavido. Mas não. Tempos festivos estes.

Ao Costa e aos seus, votos de um bom trabalho. É difícil fazer pior do que o governo anterior. Que saiba dizer não e que prove que sabe governar, ao largo de todas as banca rotas e corporações.

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