sexta-feira, dezembro 23, 2016

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Os ocupantes que têm logo à partida o objectivo de dominar e explorar criam inevitavelmente um inferno à superfície da Terra.


Norman Davies, A Europa em Guerra, 1939 - 1945, Edições 70, pág. 323

sexta-feira, dezembro 16, 2016

C.B.


O albatroz

Às vezes, por prazer, os homens da equipagem
Pegam um albatroz, imensa ave dos mares,
Que acompanha, indolente parceiro de viagem,
O navio a singrar por glaucos patamares.

Tão logo o estendem sobre as tábuas do convés,
O monarca do azul, canhestro e envergonhado,
Deixa pender, qual par de remos junto aos pés,
As asas em que fulge um branco imaculado.

Antes tão belo, como é feio na desgraça
 Esse viajante agora flácido e acanhado!
Um, com o cachimbo, lhe enche o bico de fumaça,
Outro, a coxear, imita o enfermo outrora alado!

O Poeta se compara ao príncipe da altura
Que enfrenta os vendavais e ri da seta no ar;
Exilado no chão, em meio à turba obscura,
As asas de gigante impedem-no de andar.

Charles Baudelaire, As Flores do Mal

sábado, dezembro 10, 2016

Dívida pública: a cobardia nacional.

A dívida e o crédito são formas de transferir para o futuro pagamentos a realizar pelas despesas do presente. Com uma dívida pública desta magnitude os portugueses do presente comprometem irremediavelmente os portugueses do futuro: os seus filhos e os seus netos, os não nascidos, os que não podem defender-se e os que não votam. Todos eles encontram-se já condenados ao pagamento dos desvarios do presente, e nem o sabem.

terça-feira, dezembro 06, 2016

O Futuro

Seria lindo que se tivesse realizado o sonho de vivermos num mundo sem fome, com diferenças materiais e sociais menos gritantes. Mas os profetas que no-lo prometeram, e se fizeram pastores do rebanho, foram mais prontos a pegar o cajado e a chamar a si os benefícios. De forma que a revolução anunciada não veio e jamais virá. Os abastados terão os meios para partir e colonizar novos e mais confortáveis planetas, abandonando neste a massa que lentamente irá apodrecendo, afogada na sua própria sujidade.

Rentes de Carvalho, A Ira de Deus sobre a Europa, Quetzal, pág. 137

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Uma espécie de Elysium.


domingo, dezembro 04, 2016

Respeito

Recuso odiar o meu semelhante, discriminá-lo, suspeitá-lo, ameaçá-lo. Importa-me pouco em que divindade acredita, e nada me interessam os seus hábitos e rituais. Mas dele espero reciprocidade no respeito que lhe tenho e na dignidade que lhe reconheço.

Rentes de Carvalho, A Ira de Deus sobre a Europa, Quetzal, 2016, pág. 241.

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Nada de confusões1.

O respeito vale mais, muito mais, do que a simples tolerância.

O assunto já aqui foi abordado.

Um excelente livro - A Ira de Deus sobre a Europa - e uma excelente análise, a de Rentes, sobre a mudança num país sito no coração da Europa, e sobre o futuro deste continente e quiçá do mundo.

Ainda voltaremos a falar dele.

E, diga-se de passagem, uma excelente capa.

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(1) - A Ira de Rentes, está longe de ser uma imprecação contra o "politicamente correcto" ou contra o multiculturalismo. 

Versões pindéricas

As imprecações contra o “politicamente correcto” e o multiculturalismo são versões pindéricas de uma cultura de extrema-direita.

António Guerreiro, "A História Gosta de se Citar", Público, 25 de Novembro de 2016

sábado, novembro 26, 2016

Hoje chora a Sierra Maestra

Fidel Castro (1926-2016)

Hoje chora a Sierra Maestra. Morreu-lhe o filho mais querido.

De Fidel aprendi que "jamais poderá ser revolucionário aquele que não acredita no Homem." Infelizmente já não me coloco nessa categoria. Sinal de que estou a ficar velho. Talvez.

A Revolução é coisa de jovens.

sexta-feira, novembro 25, 2016

O sacrilégio do Rentes

Rentes cometeu um sacrilégio. Esse, o de juntar numa só frase, as palavras “refugiado” e “terrorismo”. O sacrilégio de pensar pela sua própria cabeça. O sacrilégio de considerar o “politicamente correcto” uma obnubilação aos que ousam exprimir livremente um pensamento claro e limpo, livre de conspurcações ideológicas e modas correntes.

Ora um pensamento livre não se deixa agrilhoar pelo "politicamente correcto".

Cá vai:

 Com os seus atentados e degolações, o terrorismo bastaria como séria ameaça, mas mesmo sem violência, pela simples presença e número, os refugiados contribuirão igualmente, senão para destruir a Europa, de certeza para abalar os seus alicerces, transformar as suas instituições, desestabilizar o equilíbrio e a variedade das sociedades que a compõem. Os refugiados do Médio Oriente não conhecem mais do que os regimes tirânicos e autoritários que, malgrado as suas imensas riquezas, só produzem sofrimento, atraso e miséria.

Será então razoável esperar que gente nada e criada nesses ambientes seja capaz, ou deseje, abraçar os nossos valores de liberdade e respeito quando, apesar do sofrimento, eles, como muçulmanos, consideram o seu modo de encarar a vida o único possível? E a sua religião única e obrigatória?

Rentes de Carvalho, A Ira de Deus Sobre a Europa, Quetzal, 2016, pág. 13.

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